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a series of unfortunate events

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Migas, xô avisar aqui: este post conterá spoilers de The Oranges, Muitos, todos. Pode conter spoilers de The Martian e Childhood's End. Eu posso até colocar aquele lindo e horripilante leia mais, mas ele não funciona pra quem lê por feeds, então já tô avisando já pras madame que corre de spoiler tanto quanto eu.


No episódio de hoje, eu vou estar falando de divagações existenciais decorrentes de entretenimento televisivo.

Cê vê: veio o recesso e, ao contrário do ano passado, que todo mundo vazou desta casa, deixando pra trás apenas limpeza, silêncio e paz (além do fato de que eu não tinha nada pra fazer além de comer e dormir), neste ano a casa encheu de gente desocupada e de férias, fazendo barulho, zona e sujeira (e eu tenho prazos de entrega de trabalho desde a primeira semana de janeiro).

PQP, que frase mais mal escrita e cheia de vírgula e que não vou arrumar.

Bom, aí eu fico vendo o povo de varde, cada um vendo um filme nas alturas, ou dormindo, ou tomando sorvete, ou indo passear, ou whatever e eu aqui mofando na frente do computador e ficando cada vez mais inchada a cada dia por causa dessa merda de calor e da falta de movimentação e minha força de vontade de estudar vai esvaindo até que é dia 30 de dezembro e meu relatório tá com exatamente duas linhas escritas.





tão pocas palavra mas tão linda as ibagem


Então o que eu fiz? Fui na locadora da internet e peguei um monte de filme que eu não vi em 2015. Se você me perguntar tudo que eu vi semana passada, vou responder: não lembro. Porque meu cérebro derreteu em algum lugar ali por outubro e tal. Sei que fui baixar filmes de alguns dos maridos de 2016 (pois é, nem eu acredito) e vi MUITA porcaria (mas vocês só saberão quais em janeiro, SE eu lembrar). E aí peguei coisas maravilhosas, como Matt Damon perdido em marte DE NOVO.

(Matt Damon JAMAIS entrará numa lista de maridos, o que é uma pena, pois não posso usar a inédita piada I'm fucking Matt Damon com alegria.)


O LEIA MAIS TÁ A PARTIR DAQUI, KIRIDAS.

Eu não sei porque assisto duas coisas: filmes com água e filmes com vácuo. Lembrei agora que assisti San Andreas também, exclusivamente por motivos de Ioan Gruffudd, e haja sofrimento com personagens com dificuldades de respiração. Eu começo a ter asma imaginária e passar muito mal, eu devo me odiar, sei lá. Mas era mais ou menos onzemeia da noite, tinha estudado, feito faxina, ido buscar roupa na costureira, o julgamento tava faiado. Queria ver Ant-Man, mas deu erro no arquivo, apertei play no marciano mesmo.

Cara.

Duazora e meia de sofrimento. A pessoa que não consegue se distanciar da ficção não devia consumir ficção, sabe? Eu fico me colocando no lugar da pessoa, pensando na fome, na falta de banho, na dificuldade de ir ao banheiro. Sério, eu tive que pausar o filme umas 45 vezes. Quando ele finalmente acabou, pra lá de 3 da madrugs, eu tava meio desnorteada. Primeira coisa que eu fiz foi tomar banho, claro, escovar os dentes 38 vezes, verificar a despensa, o oxigênio e tal. Fiquei meio catatônica. Aí me preparei pra dormir, liguei a tv pra conforto psicológico (eu sempre ligo a tv quando vou dormir e já coloco no timer pra desligar em 10 minutos, que é 20 vezes mais tempo do que eu preciso pra pegar no sono). Mas eu tava doida do oxigênio e no corujão tava passando The Oranges e eu acabei prestando atenção. Só que eu sou surda, era de madrugada, todo mundo tava dormindo e não dava pra aumentar o volume. Fiquei fazendo leitura labial até a tv desligar e deixei uma nota mental pra pegar o filme no dia seguinte na locadora da internet. HEH.

Aí tava a internet super rápida COF, de modos que eu fui vendo outra coisa até o filme baixar. E que coisa foi essa? Childhood's End. Olhaki, miga. Se você é facilmente impressionável, super religiosa, good vibes, essas coisas: não assista. PUTAQUEPARIU, eu quase tive um cataplof fulminante ao final do primeiro episódio e NEM POR DINHEIRO eu assistiria o episódio seguinte de noite, sabe? Eu sou a rainha do pesadelo, entrei em pânico com a possibilidade de aquele horror me assombrar a noite toda, fui tomar banho meio sem condição de raciocinar, aí lembrei que tinha o filminho comedinha com romance me esperando e pensei que ia dar pra limpar a mente sim.

SÓ QUE NÃO.

Cara, pra que caramelos a pessoa faz um filme e classifica esse filme em comédia e romance, sendo que não tem NADA DISSO? Fora que fazer romance pras pessoas não ficarem juntas no final, meu, assiste a vida, migo. 

Mas foi pior que as pessoas não ficarem juntas no final.

Se você já viu o filme, guentaí. Se você não viu, não vai ver e tem raiva de quem viu, é assim:

- tem a fia recalcada porque não nasceu linda, que narra a história com muito recalque. Filha do House com uma mulher que já vi em outros filmes, mas não sei quem é e irmã do Seth Cohen, ela só reclama. Nunca saiu de casa, nunca foi nem na esquina e é ressentida da ex-miga que viajou o mundo. 

- tem a Blair Waldorf maconheira/cozinheira/chocadora da sociedade que toma um par de chifre e resolve voltar pro subúrbio pra ver os pais depois de 5 anos.

- tem o Seth Cohen bocó, como sempre, que também só baixou em casa pro thanksgivin.

- tem o House morando na man cave porque não se dá mais bem com a mulher.

- tem a mulher do House que é irrelevante e ninguém se importa.

- tem a mãe de Mom, que é a mãe da Blair e é tão boa mãe quanto em Mom.

- tem o pai da Blair, que tá em 20 dos 18 filmes que vi essa semana e nem sei o nome do ator e é viciado em tecnologia, porém bastante irrelevante também.

- tem a coadjuvantíssima Gretchen de You're The Worst que eu só quis mostrar que sou underground e vejo seriados que ninguém conhece.

Bom, aí é o thanksgivin e essas duas famílias são vizinhas, se amam, Blair está vivendo há anos e ninguém nunca mais viu. Blair toma pé na bunda e volta. Todo mundo é extremamente babaca com ela, especialmente sua mãe. Mamai empurra ela pra seu próprio marido Seth Cohen, porém ele é um trouxão que não guenta um copo de birita e desmaia. Ela vai ser engraçada com House e os dois se beijam. Aí não pode, porque ele é o melhor amigo do pai dela, mas aí eles querem, mas aí todo mundo descobre, aí dá merda em cima de merda, nada acontece feijoada, dá tudo errado e o filme acaba. 

Faltou uma coisa, né? Faltou a parte que dá certo antes de acabar. FICA A DICA.

Eu odeio cena de sex, especialmente se ela é irrelevante, mas cê consegue conceber um filme em que acontece traição feat. véio com novinha e não.tem.nem.roupas.voando? O tempo todo parecia que House estava com nojinho da Blair, aí fui ler a crítica no omelete e: "Mas a química entre Laurie e Meester é inexistente - os dois aparentam estar constrangidos o tempo todo". 

SIM.

Será se é porque o marido dela estava lá o tempo todo? Não sei. Omelete também diz que foi um "um climão de 90 minutos" e eu sou obrigada a concordar.

Mas assim.

No fim o que acontece?

Mom e ator coadjuvante profissional (pais da Blair) redescobrem o ~prazer~ de ficarem juntos. Os dois protagonizam mais cenas de sex que o casal que faz a história andar. 

A mulher irrelevante traída encontra alegria em ajudar criancinhas na África, inclusive com insinuação que encontrou o amor num tio que também era das caridade.

Seth Cohen irrelevante tava já feliz no seu trabalho e seguiu a carreira em irrelevância.

A narradora recalcada conseguiu sair de casa, encontrar o trabalho dos sonhos, ter o amor do papai que ela tanto queria e etc.

Blair vai embora e vai ser cozinheira em Paris, que vinha a ser o sonho dela.

Muito que bem, todo mundo feliz, todo mundo moving on...

E o House?

O House se lascou bem bonito, ficando na merda and sozinho.

Tipo, os dois se amavam, mas todo mundo achava um horror, então todo mundo seguiu com as suas vidas e ele ficou lá, na mesma casa, sem a mulher (a que ele nem queria mesmo, e a que ele queria sim), sem os filhos, sem a Blair, sem nada de novo ou interessante. Tipo, a galera contente que não tinha mais que se incomodar com o climão e se fode aí se nada de bom acontece na sua vida, migo, bgs ktks bai.

As letrinhas começaram a subir, confirmando que o filme acabou, e eu fiquei qqqqqqqq

Chorei umas boas duas meia hora, me identificando. Super minha cara ser a trouxa que desiste de viver pra não incomodar os outros. 

POR QUE VOCÊ NÃO FOI ATRÁS DELA NA FRANÇA, HOUSE? POR QUE VOCÊ NÃO FOI CONHECER OUTRAS PESSOAS? POR QUE VOCÊ NÃO FOI FAZER UMA VIAGEM? POR QUE VOCÊ NÃO VENDEU A CASA E ABRIU UM NEGÓCIO PRÓPRIO?

Não compreendo, não aceito e acho que foi um entretenimento de terror pior que os outros.

Fico aqui querendo meu dinheiro de volta quando esse tipo de coisa acontece.

Hoje já botei um filme besta do Hugh Grant na lista do netflix e espero que sirva pra acalmar minha mente, porque não sou obrigada a acabar o ano usando horas que deveria estar estudando pra sofrer porque ROLIÚDE NÃO SABE MAIS FAZER ROM-COM QUE PRESTE.

De novo, três hora da manhã e eu encarando o teto, me perguntando o que tá conte seno. Perdendo horas preciosas de sono que não terei em 2016.

Sério, gente. 

Que vibe.

feliz sexta depois da quinta etc

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Não deve ser difícil de notar a este ponto, mas eu tenho uma sensação de profunda desconexão com a humanidade. No geral não me incomoda, mas às vezes fica um pouco difícil viver. Por exemplo: festas e grandes datas comemorativas.

Toda vez que eu estou entre duas ou mais pessoas, a sensação é mais ou menos a mesma: parece que se eu não estivesse lá, ninguém sentiria falta. E, mesmo estando lá, não estou me divertindo tanto quanto os outros parecem estar. 

SEM.PRE.

Normalmente, quando saio do meio das pessoas pra ir ao banheiro, por exemplo, eu geralmente resolvo ir embora. Porque as conversas, as risadas, o barulho e o tempo pra reflexão que acontecem ao mesmo tempo acabam me desestabilizando.

Bom.

O pior dia do ano acaba sendo o 31 de dezembro. Não importa o que eu faça, não tem condição de embarcar na alucinação coletiva que baixa no planeta terra nesse dia. Eu não sou capaz, eu não entendo.

Eu não consigo entrar no ritmo das pessoas e aí fica todo mundo chateado comigo porque eu estou cagando pra virada do ano. Quer dizer, eu sou a louca do estabelecimento de marcos, sei que a gente sempre conta o tempo, conta o ano, conta tudo e tal, mas não vejo uma grande importância no réveillon e nas firulas, em si. 

Só porque cê quer que eu vou comer uma comida que eu odeio, vestir uma cor que eu odeio, pular onda, ir pra praia, jantar tarde, seguir rituais que não significam absolutamente nada. Eu não acredito em nenhuma superstição, não acredito em nada, gente. Não tem como justificar essas coisas dentro da minha mente.

E eu ODEIO fogos de artifício, quer mais dinheiro jogado fora que isso? Morar em bairro de gente rica é uma imbecilidade, porque os idiotas não têm mais onde enfiar dinheiro e queimam fogos de hora em hora, piorando nos horários próximos à meia noite. Ontem, por exemplo, foi da meia noite às 3:30 da madrugs os idiotas queimando de meia em meia hora. Enfiar no cu ninguém quer.

De modos que eu gosto muito quando todo mundo tem mais o que fazer e eu posso passar essa data sozinha, comendo nuggets com purê de batata, assistindo algum filme ruim, binge watching seriados, afofando meu cachorro, dormindo quando os estouros acabam e acordando meio dia, pra comer brownie com sorvete, like a boss. Posso inclusive passar aspirador na casa, porque não tem ninguém preocupado com bad vibes eletrodomésticas.

Mas o que mais me derrota é essa "necessidade" de felicidade coletiva. Chega a me dar um pouco (~um pouco ~) de desespero a quantidade de fotos das pessoas sendo felizes, com suas roupas brancas  - amarelas - azuis - vermelhas, espumantes, aglomeração de pessoas, mar e gente rindo de boca aberta. Em vez de dar unfollow em todo mundo, eu fechei minhas redes sociais e fui cozinhar, lavar roupa, ler bobagens (porque feriado eu não vou estudar, ninguém manda em mim), e ter um princípio de chilique por motivos de: vai ter um episódio de Sherlock novo hoje.

Vou falar pra vocês: ontem eu até tentei aceitar o espírito do ano novo. Comprei umas roupinhas novas e tudo. Cê me pergunta o que eu tava usando e em que condições na ~hora da virada~ hahahaha.

Se bem que 2015 começou tão ruim e foi descendo a ladeira em alta velocidade depois de uma virada suave, pode ser que com essa virada bostíssima pra 2016 não tenha mais fundo pra cavar e aí eu vá ladeira acima, né?

Vamos aguardar e torcer.

meus.maridos. sim.você.leu.corretamente.

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edição: namorados

Migas, tamo aqui de novo em janeiro, gastando tempo que seria mais bem aproveitado com absolutamente qualquer outra coisa pra fazer o que? Isso mesmo, ode a homens que jamais saberão da minha existência.


 nem Lucy acredita nesse absurdo



¯\_(ツ)_/¯



Esse post normalmente acontece da seguinte maneira: assim que um bofe chama minha atenção por qualquer razão, eu abro o rascunho de maridos do ano. Tenho uma coisa pra dizer pra vocês: esse rascunho não existiu até novembro. Foi um recorde. E a culpa é da obsessão por Ioan Gruffudd e dessa vibe que se recusa a passar mesmo Forever estando cancelada há quase um ano e em todos os filmes que ele fez (e eu vi), tenha feito papel de babaca.

ლ(ಠ_ಠ ლ)

(Afffffffe esse homem)

Então Ioan é o maridinho oficial, mas como ninguém tá sustentando a casa, pagando as conta e dando... satisfação, num é como se eu não pudesse ter namorados imaginários, né? A seleção deste ano está zoadíssima, mas vamo lá, foi o que deu pra arranjar. Vamo começar?

MENÇÃO HONROSA

Jimmy Fallon




Desde que Jimmy descobriu o fora que deu na Nicole Kidman, eu me peguei pensando: mas gente, eu pegaria muito esse cara, hein? Ele é tão bonitinho, engraçado, inteligente, sabe cantar, tem uma vozinha suave, sei lá, gente, total meu tipo.


E eu num posso com gente feliz hahaha. Ousseje, num ano em que maridos foram ~rebaixados~ a namorados, as menção honrosa num seria talvez muito mais que aquela pegação que acontece por 3 meses sem a gente contar pra ninguém, que é pra não dar trabalho social quando terminar. Porém eu gastarias boas meia horinha com Jimmy. 


HEH


TOP 6


6 - Mike Colter



Eu tenho um problema mental que impede de simpatizar com vilões. Mas não precisa ser aquele mauzão assustador matador de criancinha. Mike era um traficante rico em The Good Wife, vivia de terno e sendo lindo com sua voz grave e sua carinha PERFEITA, mas eu não estava autorizada pelo meu cérebro a amarlho. Aííí veio Jessica Jones e esse problema foi solucionado.

Onde você viu (ou não) essa pessoa: The Good Wife e Jessica Jones

Como o amor nasceu: Aquela serra elétrica tentando fatiar aquele tanquinho, né, mores. Como que faz?

Nem tudo são flores

olha eu improving o ser lindo

Mentira, são sim. De modos que agora a pegação tá inclusive liberada.


Me. Too.

amorômetro: ♥♥♥♥♥



5 - Principe Réuri


Eu não tenho nenhuma boa explicação pra um PRÍNCIPE estar nessa colocação. Porque eu não tenho muito o que ver dele na televisão, talvez? Porque jamais serei princesa? Mas existe, por exemplo, prova visual de que ele aprendeu a Haka, and I may or may not have broken the replay button. Nunca saberemos.

Onde você viu (ou não) essa pessoa: em cima do cavalo branco RERERERER

Como o amor nasceu: Como que NÃO NASCE? É um príncipe, minha gente. Acho que quando todo mundo ficou adulto e legalizado, já foi suficiente.


Nem tudo são flores


Eu acho que seria uma péssima adição pra qualquer sistema monárquico - ou pra qualquer posição social que demandasse fineza e educação e me vestir igual uma véia e manter o mesmo corte de cabelo e produzir filhos em série e ter que repetir o nome de uma lista de 10 nomes horrorosos. Tá certo que réuri provavelmente nunca vai chegar no topo da cadeia alimentar, mas será se eu ia poder combinar estampas e rir alto em público? Não sendo possível, teria que passar a oportunidade pra próxima fia.


Mas você é um príncipe, réuri, num é como se sua situação tivesse ruim, de fato, né?



Só precisava tirar essa barbinha ¬¬



amorômetro: ♥♥♥♥♥




4 - Jonathan Sadowski



q



Olha, migas, se alguém me mostrasse uma foto desse rapaz e falasse "esse boy será seu peguety imaginário um dia", eu RIRIA na cara dessa pessoa. NAONDE, MEU FILHO??? Olha esse rapaz! Mas aí um dia eu assisti Young & Hungry e cataplof.

Onde você viu (ou não) essa pessoa: Young & Hungry

Como o amor nasceu: EU NÃO SEI. Em curitibanês, Josh é um baita dum piá de prédio, mas ele é tão bonitinho, é tão engraçadinho, tão queridinho, gente, não sei. Só sei que ele aparece no seriado e eu quero largar a família. Não tem explicação. E eu acho que é uma coisa bem recorrente, porque a impressão é que TODO MUNDO no seriado é apaixonado por ele também.




Nem tudo são flores


oi

É aquele negócio: eu namoraria fácil, até apresentaria pra umas duas ou três amigas, mas casar não é bem o caso, né? É um problema com a lista quase toda, essa falta de arrebatamento amoroso. Cadê pashão? Cadê dificuldade de aceitar essas porcaria de boy de má qualidade que existe na vida real no comparativo? Não tá tendo.



Eu acho que preciso, porque olha, tá difícil. E isso que vocês são aqueles que passaram na peneira! Hahahahhaha.


Falta de critério? Falta de amor próprio? Falta de sanidade mental? Não sei. Mas eu tando aqui entediada, a meia horinha é sua.


Vamo deixar como tá pra ver comé que fica rerere
amorômetro: ♥♥♥♥♥



TOP 3

3 - Kyle Harris

socor

Top 3 já começa a adentrar uma cama de imbecilidade mais profunda, né? Aqui tá os boy ponta firme mesmo, aqueles que entram praquela listinha plastificada que a gente faz pra dar pro namorado, contendo o nome das pessoas famosas que a gente poderia pegar sem magoar sentimentos, caso a celebridade em questã milagrosamente vos quisesse e etc. 



OLHA.

ESSE.

MOÇO.





Onde você viu (ou não) essa pessoa: naquela série super mentalmente equilibrada, Stitchers. 

Como o amor nasceu: Se você não sabe do que se trata ~stitchers~, vou resumir: eles hackeiam cérebro de gente morta hahahahahahhahaa. Num tem como não amar. E ele é o gênio que construiu a máquina, aqueles nerd inteligente que é bonito, mas ninguém nota, ME VÊ 10 FAÇAVOR.

Nem tudo são flores
ah vá

A gente tem que achar defeito, né? Eu tô tendo dificuldades, aqui. Então vamo ficar com o principal defeito que uma celebrity crush pode ter: pouca referência no imdb. Eu que não vou me dar o desgosto de assistir Carrie Diaries, episódios isolados de seriados desconhecidos ou um troço chamado ~octopus~. 


tem ctz?

Provavelmente por isso Cameron perdeu o segundo lugar (porque o primeiro veio atropelando tudo, teve nem chance). 



Mas vai que de repente a gente se encontra por acaso na rua, pode ser que o destino esteja do seu lado e escolha você, more.




Midesgupi. Mas você tá no top 3 de um ano difícil, isso não vale alguma coisa?



(╯°益°)╯彡┻━┻

amorômetro: ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥




2- Freedie Stroma



A gente sabe que 2015 foi um ano ruim, né? Se não por outros motivos, veja que esse é o único britânico da lista, com exceção do príncipe. COMO ASSIM, MIA GENT? E ó o tipo do britânico que faz o requisito: loirinho, com carinha de arrumadinho, com cabelinho certinho. DAONDE??? Só sei que ele apareceu na minha tv, abriu a boca e eu: cataplof.




aham, a boca



Onde você viu (ou não) essa pessoa: talvez você tenha vistolho em Harry Potter e reparado o potencial. Talvez você tenha visto em Pitch Perfect e orado pra que a carreira fosse em frente. Mas eu vi-lho em UnReal, naonde garrei instantâneo amor.

Como o amor nasceu: Adam é o bofe que aceita o mico infinito de ser o noivo pretendido por um monte de mulher, num reality estilo The Bachelor. Só que a série é sobre OS BASTIDORES de um programa assim. Quando vi os pessoal do grupo ~underground~ de séries que quase ninguém assiste comentando as premissas do seriado, pensei "ATÉ PARECE QUE VOU ASSISTIR UM TROÇO QUE É TIPO MAKING OF DE THE BACHELOR". Mas eu baixei por que eu sou dessas (claro que isso às vezes é um tiro no pé e acabo assistindo completas bostas como childhood's end) e siapaxonei muito rapidamente pelo seriado, pela Rachel (considerando até fazer um minhas maridas no futuro, porque a gente também tá autorizada a ter girl crush, não é mesmo?) e pelo maridinho aí de cima.


oun

Nem tudo são flores



E essa cara de safado, meldels? O que a pessoa umana faz com um bofe desse? É possível degustar sozinha ou a gente tem que aceitar dividir essa esmola? NUM TEM CONDIÇÃO, me pergunto se em algum universo alguma vaneça tem estrutura pra acertar num home dessa magnitude. Deus abençoe, viu? MULTIPLICA!



Cê é capaz, Freddizinho, de aceitar uma pessoa normal como eu, num regime monogâmico, ainda que temporário?

 ok

Então tá, vou deixar aqui anotado pro caso de não dar certo com o primeiro da fila.


q, não sou o vencedor???

Midesgupi, kirido, mas você ficou em um segundo lugar super próximo, foi quase empate e tal...



Tudo vai dar certo, só torcer pro namorado número 1 não me querer :)



¯\_(ツ)_/¯



(凸ಠ益ಠ)凸

amorômetro: ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥



Ryan Eggold


cataplof

Gente, ajuda aqui rapidinho que eu morri. Olha esse olhar que esse homem tá olhando pra mim. Acode, sério.

Porém, caso no dia você tenha acordado com uma necessidade de ter um rapaz com cara de nerd quatro zóio, um pouco até loser, daqueles que ninguém vai cobiçar, tem também:


Ousseje, dá pra ser um boy completo. Com cara de bofe xucro de noite:



E boy magia de dia:


Onde você viu (ou não) essa pessoa: Eu espero, do fundo do meu coração, que em Blacklist, que não tem como respeitar a pessoa que assiste remake de 90210. E os filme, gente? Ques monte de filme ruim, Ryan. Eu tenho aqui uma ideia de filme sensacional pra você, xô só achar uma produtora que aceite roteiros de mulheres birutas e desconhecidas que eu te prometo uma melhora no imdb.

cê jura?

UHUM


Como o amor nasceu: Olha, eu vou dar um mini spoiler de Blacklist aqui, me deixa. Mas Tom é aquele cara que cê desconfia, depois cê odeia, depois cê pensa que tá fazendo hora extra na série, depois cê não pensa nada, depois cê ama, depois cê propõe casamento e 12 filhos de parto normal, se for o que vai fazer esse homem feliz. A pessoa que, com a mesma cara e num mesmo personagem, consegue ir de bobalhão a fodão badass tem uma certa facilidade de conquistar meu corazón. Com um extra: olha o tamanho desse zóio, ó o tamanho desse cílio. Tem condição não.

Nem tudo são flores


Eu não sou a maior fã do mundo desse estilo bad-boy-cabeça-rapada-barba-por-fazer e tenho impressão que seria lixada pelas fuça desse lindo rapaz e num tenho antialérgico suficiente pra recuperar minhas tenra carninha. E só isso aí memo. Esse é o grande defeito desse indivíduo.


E é isso, Ryan, cê ganhou o título de namorado imaginário do ano 
( ͡° ͜ʖ ͡°)

( ˘⌣˘)♡

Agora, no caso, o que será que a gente faz?







MINHAS MALA TÁ PRONTA TÔ INDO!




amorômetro: ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥



Até os marido do ano que vem, migas!

vaneça vlogger

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Migas, eu não sei o que me deu (mentira, sei sim), mas eu gravei um vídeo. HAHAHHAHAHA.

Se lascaram, se quiserem saber de qual bobagem irrelevante estou falando desta vez, vão ter que apertar no play.

Alguns avisos:

* eu conheço minha cara, não precisa avisar da minha beleza.

* num tem necessidade de fazer comentários sobre a aparência em geral, né, mores. Eu não tenho autoestima, mas eu queria fazer o vídeo e essa é a única cara que eu tenho, sou obrigada a usar.

* eu sei que rola um descontrole facial das careta, não posso evitar.

* eu não sei o que acontece que eu viro a melody dos falsete falando ~pras câmeras~, se é assim sempre, midesgupi. 

* NÃO QUERO LER A PALAVRA SOTAQUE EM LUGAR NENHUM, TEJEM AVISADOS.

* a câmera é véia, não tem visor frontal, o som é ruim, tá tudo horrível, porém MILARGA.

* tem lindos comentários da edição do youtube, então pode ser interessante permanecer olhando pra tela, por mais difícil que seja. Mas cada um faz o que achar melhor.

E é isso. Eu sei que tinha anotado uma ideia pra um próximo vídeo, mas eu JÁ ESQUECI. Então cêis tão livre de passar por isso de novo num futuro breve.

Bgos miu, dê joinha e se inscreva no canal (not).




vaneça pessoa

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Se as outras pessoas sequestram minha personalidade e escrevem como se fosse eu, pensei: por que não escrever como se fosse ozotro, não é mesmo?



Porque, gente, coerência pra escrever aqui: não está tendo. Estou gastando toda a capacidade mental de tirar palavras do nada pra transformar éter em dissertação.

Inclusive lembrei do tema do próximo vídeo. Veja bem, não é que eu QUEIRA fazer um vídeo (apesar de ninguém ter me chochado, o que foi ótimo, e pessoas terem realmente ASSINADO O BENDITO CANAL), mas é que o sangue italiano às vezes impede que eu fale sem usar as mãos. Pra isso o vídeo. Mas vamos ver, né? As pilhas da minha câmera tão de palhaçada, no meu celular não tem espaço suficiente, esses problemas característicos de primeiro mundo.

Inclusive em assunto não relacionado eu tô chocada que a palavra "chochar" existe e vem a ser escrita com CH.

*****

A vida melhorou bastante, num contexto geral, apesar de continuar sendo uma grande merda enquanto existência. A alegria de janeiro (todo ano) e do momento atual que estou vivendo é que se trata de um mês que a cota de babaca com quem sou obrigada a conviver reduz drasticamente. O inconveniente é que ainda existem prazos, doenças crônicas, provedores ruins de internet e barras de windows travadas. Dos males, o menor.

*****

Inclusive toda essa condição estranha de vida sempre traz uma palavra pro fundo do meu cérebro.

Não sei se já falei sobre isso aqui, mas eu tenho esse problema mental que funciona assim: sabe quando uma música gruda na sua cabeça (inclusive, VAI CAGAR WESLEN SAFADÃO)? Na minha, às vezes gruda uma palavra ou uma frase. Exemplo? Tinha uma comunidade no orkut chamada "maldade inata do ser inanimado". Não lembro o que caramelos aconteceu um dia e alguma das minhas tralhas se moveu sozinha, caiu e quebrou. De modos que meu cérebro imediatamente pensou: maldade inata do ser animadinho. GENTE, e pre tirar isso da cabeça? Até hoje, um vento bate e um catavento roda, tô lá eu com essa sentença pregada na cabeça.

Tem outro problema mental que consiste de ter aversão a algumas palavras. AVERSÃO. Não posso ler ou escutar e, definitivamente, pronunciar. É tipo azeitona enquanto comida. Não dá. Se alguém profere, eu escuto como ofensa pessoal e você pode saber que é meu íntimo se eu falar "cê tem apego a essa palavra? PODE NÃO USAR NA MINHA PRESENÇA?????" Entre a pessoa e a distância da palavra, sempre escolherei a distância da palavra.

É tipo quando alguém raspa a unha na lousa ou qualquer coisa que te dê vontade de virar do avesso e tal.

Eu tenho a maluquice das palavras.

*****

Então eu tava um dia na escola e ouvi pela primeira vez a palavra niilismo. Quando eu ouvi a explicação, só pensava "zuêra, cara, não pode se". Como que alguém cria a ode ao nada? Como que alguém sente esse nada?

Aí eu fui pra casa e deitei na minha cama e fiquei umas boas quatro horas olhando pro teto, pensando nessa palavra e nesse movimento (adoro a ideia de uma coisa ser um movimento pra exata falta de). De repente me dei conta que eu era um receptáculo do niilismo e que essa sensação zoada que eu sinto com uma certa frequência é uma vontade de reduzir ao nada ou de não-existir.

A maioria dos meus dias é um grande amontoado de vários nada, parece que eu tô sempre no dia da marmota e sempre tô de volta no despertador tocando, aquela tristeza de não estar mais dormindo, acorda, luta contra a cara feia, a figura feia, o cabelo feio, contra a ansiedade desgracenta que não me permite simplesmente sair de casa sem ter um princípio de infarto toda manhã, vai pro trabalho horrível, senta lá por horas, estuda, vai pra academia, passa no mercado, volta pra casa, come, limpa, estuda, sente nada, toma banho, dorme e repete. 

Então às vezes eu tô fazendo uma dessas tarefas automáticas e penso QUAL É O OBJETIVO? Não dá pra simplesmente deixar de existir e abreviar esse amontoado de nada?

Porque, além de tudo, tem 83 mil vozes na minha cabeça e nunca estou no absoluto silêncio (a não ser quando eu medito, leio por entretenimento ou lavo louça e só a última atividade está disponível no momento). Então eu oscilo entre amor e ódio pela música, porque às vezes só ela apaga a falação, mas outras vezes eu preciso ouvir.

E aí meu eu interior muda do completo nada pro significado número 3 para niilismo no houaiss: total e absoluto espírito destrutivo, em relação ao mundo circundante e ao próprio eu. Tipo pensar em quais seriam as consequências de tacar o carro no poste comigo dentro e me preocupar mais com o poste e o carro que comigo.

(Num precisa vir o bonde do psiquiatra, é uma coisa absolutamente normal pra quem tem probleminha pensar. Mas não passa do campo das ideias, pois DEVOTA DE SÃO PLATÃO.)

Falando em Platão, há males que vêm pra bem e uma pessoa cuja aparecência na minha vida causou o pensamento "lá veeeem o maaaaaaaarcos" "mas não é como se eu já não tivesse problema demais" e hoje a pessoa é meique a solução. Eu penso "mas que bosta de dia" e aí chega o cerumano e eu penso "ok, aceitando viver neste momento". Tá ali só de enfeite, mas pra quem não tem apego com a existência nesse momento, o negócio é considerar qualquer coisa.

*****

Faltou inserir aqui um filme pedante que ninguém com menos de 90 anos assistiu e falar deles como se fosse "uma linda mulher", que ABSOLUTAMENTE QUALQUER TERRÁQUEO pegaria a referência, mas eu realmente não estou tendo tempo nem pra fingir pedância. Se puder falar de american idol, aí já resolve o problema, porque dá pra deixar no segundo plano enquanto leio sobre o eloquentíssimo AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. 

Mas, no caso, por enquanto é isso.

Não morri e não deixei o blog forevis.

Apenas temporariamente fazendo ode interna ao nada.

:)


desintegrando.jpg

trá trá trá trá trá

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(as que comandam vão no trá, pega metralhadora)


I

Eu tenho pesadelos desde sempre. Minha mãe nunca deu bola, porque ela acha que pesadelo é sonhar com monstros e trevas. Eu, por minha vez, acho que sonhos angustiantes e ruins em geral são pesadelos. Se me incomoda, é pesadelo. 

E eu acho que tenho aquele terror noturno, mas não vou ler a respeito pra saber, né, mores. Eu acordo frequentemente sem saber onde estou e eu só durmo fora do meu quarto quando não estou na cidade onde eu moro. O que é: quase nunca. Também não é raro acordar com a sensação que tinha alguém dentro do meu quarto ou ~em cima~ de mim ou da minha cama, de forma não prazerosa.

Ousseje, por mais que eu ame dormir e faça isso muito bem, rola uma tensão existencial no rolê.

II

Eu tenho dores. Pessoas já acharam conveniente me dar apelidos por conta das dores, as pessoas acham que é engraçado, que estou competindo, sei lá. Mas dói a cabeça, dói cada órgão dentro da minha pança, doem minhas articulações.

DÓI.

Algumas vezes dói dormindo e a dor atravessa o sonho. Porque eu sinto tanta dor, tanto tempo, que meu cérebro já não me acorda mais pra eu tomar um remédio ou uma atitude. Ele aceita a dor e incorpora na coisa toda, que é pra ficar legal.

III

Aí eu tava lá dormindo, mas não tava ligada que tava dormindo, sacomé? Às vezes eu não me dou conta que estou pesadelando e aí, mermão, que delícia.

Pois eu estava trabalhando. As pessoas eram do trabalho atual, mas o escritório era de um trabalho de DEZESSEIS ANOS atrás. Tava lá de boa vivendo, entrou uma pessoa na minha sala e atirou algumas vezes na minha barriga.

Atirou de tiros mesmo. Bala. TRÁTRÁTRÁTRÁTRÁ.

Eu sentia a dor, mas não tinha coragem de olhar pra baixo. Só coloquei a mão esquerda sobre o buraco da bala, porque a dor era grande demais. Todo mundo saiu correndo e me deixou sozinha e o que eu pensei? PRECISO ARRUMAR ESSAS GAVETAS, pra não deixar nada pendente.

Na vida eu realmente sou a louca da arrumação, mas putaquelamerda? Você lá com seis bala no bucho e arrumando gaveta? Façavor. Também tem a claríssima referência que todo mundo ca-gou para o evento e eu fiquei lá sozinha na sala arrumando gavetas enquanto baleada. Plausível.

Só que nas gavetas tinha o que? Isso mesmo: roupas. Aí eu comecei a pensar "poxa, que pena essas roupas que nunca usei e agora vou morrer sem ter a oportunidade de usar".

AHAHAHHAAHAHAHAHA A COERÊNCIA DA MORIBUNDA.

Aí eu fiz o que qualquer pessoa sã faria. Separei a roupa pro meu próprio enterro e deixei um bilhetinho avisando que era pra não morrer sem usar e ri da própria impossibilidade da coisa. Muito bem humorada.

Então eu pensei "mas será que não seria conveniente, sei lá, chamar uma ambulância?". Pedi pra secretária que eu não vejo desde 2001 ligar pro 190, por gentileza. Peguei meu telefone pra ligar pra minha mãe, pra dar as boas novas, porém não foi possível, porque a essa altura eu estava tendo dificuldades pra respirar.

Também não é raro eu sonhar que não consigo respirar, porque meu nariz costuma entupir à noite e demora um pouco pro meu cérebro compreender que eu preciso acordar, levantar, tomar remédios, etc.

Mas eu estava lá, com uma dor excruciante na barriga, com falta de ar e chega o que? Chega gente pedindo informação. Mostro o rombo da bala, aviso que não estou conseguindo respirar e aponto onde estão as pessoas que podem ajudar, mas ninguém me deixa falar, você tem que ajudar sim, que má vontade. E eu morrendo de verdade a essa altura. Pensando bem suave: agora vou saber o que acontece depois que a gente morre. 

Nisso toca o alarme de incêndio e meu único pensamento vem a ser: FODEOOOO, porque nunca que eu vou conseguir descer 21 andares nessa situação miserável.

Alguém me pega pela cintura e sai me carregando. As escadas magicamente se transformam numa rampa em espiral. Policiais surgem do nada, armados, pra escoltar a mim e a quem quer que seja que está me carregando e, ao mesmo tempo, perseguem quem atirou em mim.

Chegamos no hall do prédio e bandidos são abatidos pela força do pensamento quando damos de cara com eles. As armas caem, eles caem, cai todo mundo, enquanto um carro espera por mim, no que parece ser um beco. Vou andando até lá com dificuldade, pensando "não vejo a hora de estar na maca da ambulância, com uma máscara de oxigênio na minha cara, ar entrando nos meus pulmões e eu podendo desmaiar em paz".

Acordo sem ar e com uma cólica lancinante.

Vou rindo até a cozinha, onde vou pegar 38 comprimidos antes de voltar a dormir porque, VOU FAZER O QUE?


(Chorar parece adequado.)

*********

IV

Em assunto absolutamente não relacionado, a menos que a gente considere pesadelar acordado como uma ponte nos assunto, tem a saga do underaged boy.

Pois eu tava morrendo de dor de cabeça (cê jura), de modos que tava impossível viver. Sentei no sofá da sala com os braços pra cima, pedindo pra jesus me levar, enquanto minha mãe estava assistindo Project Runway no E!, porque minha irmã tinha largado nesse canal depois de ver Kardashians D:, e eu fiquei ali, meio sem condição de existir, só contemplando a existência da tv.

Aí veio o intervalo e passou uma propaganda de uma série chamada younger, propaganda essa que não acho nem por um decreto. Mas o barato é o seguinte (do que eu pude entender): a pessoa tem 40 anos e mente que tem 26 pra conseguir um trabalho. Consegue também um boy, né? Boy JOVEM. Aí ela conta pra ele que tem 40 anos e rola todo um desespero, porque o infeliz acha conveniente começar com aquela conversa maravilhosa "quando você tinha 20 anos eu tava no prezinho". 

ACHEEEEEI CARAIOOOOOOOOOO!!11 Tem que ver a partir do segundo 42, porque o youtube não cola direito essa bagaça. Sério, pula pra 42 segundos agora.


- quando eu tinha 16 você tinha.......... TRINTAAAAAAAAA!!1111!!11
- é, é isso memo, a gente sempre teve CATORZE ANO DE DIFERENÇA.

hihihihihihihihihihihi

Achei profético? Porque, né? NÉ?

Inclusive essa semana tá recheada de lindas conversa.

- isso aconteceu faz tanto tempo que eu acho que cê tava na quarta série.
- que ano foi?
- 2002.
- então eu tava na segunda série.
- EU ESTAVA ME FORMANDO NA FACULDADE, MAS TÁ TRANQUILO, TÁ FAVORÁVEL.


E assim vamos nesse sofrimento chamado vida.


Eu juro que uma base de umas 38 vezes por dia eu me pego pensando "num viaja, fia, tem nem chance de isso acontecer fora do plano das ideias". Mas aí a pessoa vem com aquele sorrisinho de ladinho que JESUS AMADO ME PROTEJA E ME GUARDE QUE NÃO TÁ SENDO FÁCIL.

Posso inclusive garantir que o mini (MAXI) bofe é uma unanimidade, porque já tem genteS inventando desculpa pra aparecer casualmente apenas para ficar apreciando a beleza alheia. Num julgo, né? Sorte minha que num preciso de desculpa pra fazer a mesma coisa.

E é isso, gente.

Agradeçam que vocês não são eu ou que vocês não têm 95 anos.

:*

domingos

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Alguns dias são bons. Outro dias são aqueles em que você acorda e acha que tá com dengue.

Uns dias atrás levei uma picada no braço que se comportou de forma estranha e pensei "será que fui premiada com ædes ægípcia?". Mas segui em frente, tem outras alergia, né?

Hoje acordei e, literalmente, estava passando globo rural. Acho um pouco inconveniente isso da parte das pessoas que acham que a gente é obrigada a viver em fusos alterados, porém estava sentindo tanta dor que pensei que era mais tempo pra ficar na cama. Comi, tomei dorfréq, voltei pra cama. Lembrei de um pesadelinho (sim, eu tenho-lhos diariamente) que contarei mais pra frente, senti as dor doer tudo, levantei, chorei, fiz 8 sudokus (sério), dei banho no cachorro, comecei a passar mal no meio do banho, pendurei o cachorro no varal e fui tomar eu mesma um próprio banho, permaneci passando mal, saí de cabelo molhado e despenteado para as ruas, para o hospital, em modo desespero, porque, meldels, era eu, paciente de dengue, vika zírus, chico dunha.

Não era.

Pode ser uma estafa causada por motivos de estudo, mas tá excelente viver.

Desde a hora que saí do hospital estou contando os minutos, porque o remédio que deve me tirar dessa miséria só pode ser tomado INDO FAZER NANINHA. Lógico que tem que ser no dia de 25 horas, que a hora de dormir não chega NUNCA.

*****

Eu acho super suave acreditar que tá com dengue depois do dia que eu tive ontem.

Tava estudando alegremente (não), com muita dificuldade de compreender um conceito de navegação e tal, quando pensei que seria super ok dar play nos episódios da semana de American Idol. Afinal, é uns 80% de música, só ficar ouvindo sem compromisso enquanto a gente lê relatórios técnicos da agência nacional de transportes aquaviários, bem suave.

Só que foi a semana de dueto com antigos idols e meu marido da primeira leva, ♥David Cook♥, estaria lá alegrando minha vida. Então eu me dei de presente parar de ler durante as duas apresentações em que ele participaria, pra ver em tela cheia e no volume máximo.

Tudo ia bem até que, na segunda apresentação, eu.vi.uma.aliança.na.mão.esquerda.

NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Como assim? Quando foooooOoOooOOi? Como lhe dar com David Cook indisponível para relacionamento de amizade ou algo mais????

Eu tenho esse problema mental e me abalei psicologicamente com esse fato. Voltei a estudar pra esquecer, porque realmente muito relevante uma celebridade praticamente desconhecida, de outro país, estar casada.

Aí quando meu relógio me avisou que eram 23h, hora de parar de estudar, fui tomar um banhinho, fazer meia dúzia de sudokinhos, afofar meu cachorrinho e tal. Quando voltei pro quarto e eram, minha nossa, onze hora da noite AINDA, eu pensei "vou assistir um seriadinho com essa hora extra, não tem erro".

Inclusive as madame que curtiu a bizarrice de Stitchers, tejem avisadas: Second Chance. Mema ideia imbecil de trazer gente morta à vida, só que diferente. Tô curtindo +qd+, talvez, não sei, pelo ator principal.

*covíneas*

Tava pensando aqui que ele tem fortes chances de ser o topo da lista de maridos do ano que vem, fui no youtube olhar entrevistas da pessoa, pra ter certeza de que não vem a ser babaca e: britânico. Apashonei instantaneamente, tava tudo bem, aí ele diz que é muito apahonadíssimo pela namorada e eu CATAPLOF.

NUM VAI SOBRAR UM CELEBRIDADO SOLTEIRO, É ISSO?

E, obviamente, Rob aí em cima é o que? Isso mesmo, mais novo que eu. Todo mundo é, aparentemente. Vou ter que abrir um berçário. 

Bom, fui dormir, né? O que mais havia de dar errado?

Pois tava eu dormindo, quando me aparece o irmão do crush do momento, aquele que mal adquiriu o direito de comprar cerveja em países da América do norte. Ni qui eu fico muito chocada, pois, teoricamente, não devo reconhecerlho para não admitir o stalk. Só que ele me reconhece e avisa que o boy já tá chegando pra falar comigo e tal. Tô lá sentada na minha mesa do trabalho, que na verdade fica na casa da minha avó que já morreu há mais de 10 anos (e em cuja casa eu não vou há uns 15), aí me chega o boy com uma reluzente aliança na mão direita.

- fiquei noivo!!111 achei que já tava na hora depois de um ano de namoro.

Tenho um troço e derrubo o suco de uva todo no chão (eu não bebo suco de uva, sei lá de onde veio essa referência), ele vai me ajudar a limpar e eu não consigo explicar o motivo do meu desespero, porque né? Nem na vida real nem em sonho a gente tem condição de contar pra um boy 23 anos mais novo que tá amando e que quer viver essa loucura aí.

Passei o resto do sonho tentando compreender como minha vida chegou nesse ponto e o infeliz não saía do meu campo de visão, com sua reluzente aliança dourada de noivado.

SAI DAQUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII.

Acordei com dengue imaginária e não sei qual das duas coisas dói mais.

(Dói saber que amanhã vou verlho e não poderei apertarlho para tirar essa imagem da minha mente, isso sim.)

*****

Hoje, enquanto convalescente, só me restou ver tv. Tava assistindo os TBBT atrasados, ni qui chego no episódio de valentine's day, em que a Penny não consegue seduzir um jovem e ele ainda dá a entender que ela é velha. Ela diz que acha que os dois têm praticamente a mesma idade e ele ri sarcasticamente. Ela então pergunta "quantozano cê tem, fi?" e ele responde VINTEUM.

Ela tem quantos? ISSO MESMO.

E aí eu acho que é o universo me mandando um sinal sutil: MÁ É NUNCA QUE VAI PARECER QUE CÊIS TEM A MESMA IDADE NUMA EVENTUALIDADE DE ANDAR DE MÃO DADA, MIGA. Ou outro sinal sutil: MÁ É NUNCA QUE UM BOY LINDO E JOVEM VAI QUERER UMA VÉIA CAPENGA QUANDO ESTÁ NA IDADE PERMITIDA DE PEGAR LINDAS BELAS JOVEM COM METADE DA SUA IDADE, KIRIDA.

Difícil colocar isso na cabeça, especialmente numa semana que várias pessoas vieram me falar que acham engraçado como ver o boy do meu lado me faz parecer mais nova ainda e incrusível uma pessoa chegou a achar que a gente tinha 2 anos de diferença.

Fico aqui nesse eterno sofrer, mas pode ser só febre.

Ou olho gordo, porque sexta eu peguei deliciosas piscininha e consequentes bronzeados.

ME AJUDA, DELS.

HEH





PS: analisando essa cadeia hereditária essa foto do ~Rob~, muito me parece com a cara que o crush terá quando for adulto. SEGURA NA MÃO DEDELS E VAI.

mariekondonização do mundo

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Eu odeio palpite.

E não importa quantas vezes eu repita isso, nunca será enfatizado suficientemente, já que as.pessoas.continuam.dando.os.delas.

Do que vive a pessoa que curte opinião? Como se alimenta? Como sai de casa todas as manhãs? Tenho essa dúvida.

Eu sou muito autossuficiente, sempre fui.

A primeira memória que eu tenho de vontade própria deve ser de quando eu tinha uns 8 anos. Eu tinha um daqueles conjuntinhos de moletom horrorosos dos anos 80, que podiam ser de blusa e calça, blusa e bermuda, blusa e saia. Esse, no caso, era de blusa e saia. Verde musgo. MOLETÃO. Pois tinha umas frorzinha e eu achava que ornava super com um sapatinho preto de verniz que eu tinha e minha mãe dizia que achava meio caída essa combinação. Pois eu ignorava solenemente a opinião dela e saía super ~confiante~ com a minha combinação pavorosa de vestimenta e acessório. Tinha também um conjuntinho rosa, cuja calça tinha aquele elástico gangrenante na barra. Pois eu usava com um sapatinho branco medonho e achava que tava linda, posava sorridente pras fotos. Assim como um outfit repetido exaustivamente, que consistia de um macacão jeans semi-bag (reflitão), uma camiseta azul petróleo e um tênis amarelo de cano alto. Muito fashion. Se hoje eu olho pra fotos do passado e quero fazer uma fogueira, se tenho medo de ficar famosa e alguém soltar isso nas internets? MUITO. Porém esses erros foram frutos de escolhas próprias, não tem ninguém a quem culpar além de mim e isso é muito reconfortante.

abelhinha_com_frizz.jpg


Assim, com independência das roupas, veio a independência do armário.

E é aí que eu quero chegar.

Naonde eu vô, pra onde eu olho, com quem eu converso, alguém tá com o bendito livro da capa verde com a bola vermelha ou está falando dele ou está postando sobre ele ou está parecendo uma testemunha de marie kondo "você tem um minutinho pra ouvir a palavra da organização?".

CREDO.

Eu faço o máximo de esforço pra não chatear ninguém, mas eu tenho pouco ou nenhum respeito por pessoas desorganizadas e não me interessa sua desculpa. NUNCA é mais fácil viver na zona e na desordem. Uma baguncinha pelo uso e por falta de tempo sempre vai acontecer, mas o caos doméstico (pra ficar apenas em uma seara) é porquinho sim, é inconveniente sim e é evitável.

QUÉ DIZÊ, a não ser que você more cozotro e ozotro tenha domínio sobre o ambiente, mas a parte que lhe cabe nesse latifúndio sempre dá pra administrar.

Comecei bem cedo a criar uma rotina de organização completamente própria. Minha mãe curte uma zona, minha irmã não poderia se importar menos com organização, meu pai e irmão não estavam em condição de opinar e outros membros da família têm aquele toc que só acomete mulheres que foram educadas pra servir macho. De modos que eu tive que desenvolver sozinha um sistema que compreendesse minhas necessidades. Assim surgiu o ~sábado da arrumação de armário~, cuja primeira edição aconteceu ainda antes dos 10 anos, quando eu ainda dividia o quarto com a minha irmã.

De um baú que a gente tinha pra guardar livros e brinquedos, evoluindo pra gavetas, armários com cabides, portas do topo do armário, sapateiras, tudo foi virando de domínio próprio, arrumado com as próprias mãos. (Em alguns momentos minha irmã era contagiada pelo evento e a arrumação se estendia pro quarto todo.)

Quando eu tinha 12 anos, minha mãe passou a ficar o dia (e boa parte da noite) fora de casa, e o que eu fiz? Me dei conta de que ela não se arrumava sozinha e passei a fazer isso também. Ninguém nunca disse "ó, a gente bota desinfetante no balde, molha o pano, taca no rodo e vai". Por tentativa e erro, inclusive algumas vezes quase assassinando a família toda (literalmente, com clorofórmio) devido à combinação de produtos de limpeza. E, como quem limpa sabe o trabalho que dá, foi nessa época que eu descobri a alegria da movimentação de objetos.

Minha mãe até hoje tira uns dias pra gritar que a casa dela está uma zona e não consegue encontrar nada, mas um dia eu vou filmar. Isso geralmente acontece quando a casa está arrumada e organizada e eu comprei alguma coisa nova pra conter a bagunça.

Sim, porque a glória da pessoa organizada é dinheiros no banco. A gente vê livros fora do lugar e compra nichos, compra estante, compra gaveteiro, compra aparador e gasta uma pequena fortuna na leroy merlin, incompatível com a condição de não-proprietário de uma moradia.

Então quando a pessoa vem falando como se o livro da dona japonesa fosse uma maravilha abridora de olhos, mágica, onde se encontra um segredo incrível, eu tenho vontade de implodir.

MIGA, CÊ REALMENTE PRECISA DE UMA PESSOA QUE NEM TE CONHECE CAGANDO REGRA DE FORMA GENERALIZADA PRA QUE VOCÊ ARRUME SUA GAVETA DE CARÇOLA?

Seus problemas vão muito além da bagunça, sério mesmo.

Num tive ainda coragem de abrir esse belíssimo exemplar pra ver que qualidade de ~regras~ a pessoa dá. Também não consigo deduzir sozinha por meio da conversa dos convertidos, já que as pessoas falam que doaram 12 sacolas de roupa (quantas roupa cê tinha, mddc) ou que compraram cabides (onde cê pendurava as ropa, mddc). Não consigo achar a linha que separa essas pessoas. 

Só sei que cada amiguinho que eu vejo fazendo ode a esse livrinho, me dá um princípio de ataque de pânico de pensar na condição dos lares dessas pessoas e na precariedade em que vivem seus pertences.

Enquanto isso, sem ajuda de ninguém, meus armários de cabides (iguais) têm as roupas distribuídas num degradê que leva em conta o peso, pra que as mais pesadas fiquem longe do meio e evitem empenamento. Minhas gavetas são dividias por categoria, cada uma por tipo de uso e entre elas a frequência do uso. Eu só levo 8 anos pra me arrumar pela manhã porque o corpo está em movimento, mas a alma e o cérebro ainda estão dormindo.

Além das roupas, eu sempre sei onde estão livros, dvds, cosméticos, maquiagem, potes, caixas, remédios, sapatos, tudo em suas devidas caixas de plástico translúcido com tampas, de modos que seja não apenas fácil de guardar, mas de ver e acomodar.

Sério, gente.

Eu me apavoro com a ideia de dividir um lar com pessoas que não são essas com quem divido agora, cuja bagunça conheço, sei domar e sou obrigada pela lei do universo a aceitar. Fico pensando na desgraça que seria roomates bagunceiros ou que precisam de um exemplar do livro cujo nome nem sei pra botar um mínimo de ordem em suas vidas.

********

Está especialmente difícil manter este blog atualizado. E nem é porque estou trabalhando, estudando e arrumando a casa igual a uma condenada. É porque tenho um único assunto acontecendo na minha mente: o. boy.

Só quero falar dele, tô realmente muito irritante. Acho que até COM ELE eu tô só falando dele, todo um descontrole social sem precedentes.

Tava consultando aqui meus alfarrábios e me dei conta que faz 4 meses que estou afogada nessa paixonite adversa e não passa, o que quer dizer que já batemos todos os recordes do ridículo e indo RUMUAL hexa.

Mas também, quando o amor vai sendo consolidado com base nos mesmos odinhos, com fofoquinhas de pertinho™, em lindos links estúpidos no whatsapp, em promessas que dependemos ~DOZOTRO~ pra cumprir, em tomar no fiofó juntinhos e dessa mesma forma dividir um chocolate, NÃO TEM COMO SUPERAR ESSA PASHÃO.

Só que tem também o fator: pavor de que a pessoa descubra este blog e leia sobre si mesma e pense "deus, tira essa véia do meu encalço, nunca te pedi nada", então eu se reprimo, não importa quanto os menudos recomendem o contrário.

E é isso, minha gente. Enquanto eu não botar NAMORANDO no status do feice, inclusive naquele esquema que identifica quem é a vítima, (porque putaquelamerda, que pessoa linda, dá vontade de afofar aquela carinha e sair mostrando pra todo mundo), fica este cérebro dificultado de prosseguir com as atividades normais.

E não é como se eu tivesse que qualificar mês que vem e tal, tá sobrando mesmo espaço mental pra gastar em criação de cenários em que o mundo não implode no caso de o amor florescer entre nozes.

Mandem good vibes, arrumem seus quartos e sejam felizes.


Q

namorado imaginário de Schrödinger

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corazón gelado

Relacionamentos sempre me pareceram uma coisa bastante complicada. Relacionamento de qualquer natureza. Eu sempre tive a impressão de viver numa frequência diferente daquela em que operam a maioria das pessoas, eu nunca sei o que ninguém tá pensando, eu nunca entendo o que tá acontecendo, quando eu vejo, entendi tudo errado tudo de novo.

De modos que evito.

Masss, nenhum homem é uma ilha bem que as mulher podia ser, no caso etc, não dá pra evitar sempre.

Se eu estou num relacionamento, seja ele de qual tipo for, serei uma ótima relacionamentista. Mais conhecida também como trouxa, porque a vida de todo mundo fica meio maravilhosa quando estou presente, porém a minha costuma ficar uma grandes bosta.

E nem vou dar exemplos, pois ouvindo Paul McCartney candando leribi há horas, num quero chorar mais.  

Por causa do meu jeitinho de ver o mundo, eu tive que estabelecer definições pras coisas da minha própria maneira, já que a definição padrão raramente faz meu requisito.

Tanto que muito tempo da minha vida eu achava que casamento era uma coisa que você fazia quando queria ter filhos, alguém pra dividir as contas ou dar satisfação pra sociedade sobre seu sucesso. Eu não tô nem tentando ser engraçada, eu achava que era EXCLUSIVAMENTE pra isso que existia casamento. Como eu não tinha sido bem sucedida em me relacionar romanticamente até hoje, vamo sê sincero os vinte anos, eu achei que tinha entendido que romance era tudo mentira, que as pessoas ficavam juntas pra provar que podiam ficar com alguém e cumprir obrigações sociais. Fim.

(Não que eu não ache mais que isso é o que move MOITA GENTE, mas ok.)

De modos que por uns 10 anos, meus relacionamentos ~amorosos~ foram pautados por essa bonita ideia de fazer minha família e meus amigos pararem de reclamaaaaaar.

Preciso nem dizer como funcionou bem, preciso?

Ali pelos 30 eu abdiquei dessas coisas mundanas e passei a ter uma vida bastante tranquila. Tranquilidade que era interrompida pelas raras paixonites desgastantes que surgiam de vez em quando, cada vez mais convencida que esse negózdi amor, sei não.

Eu preciso de um certo sossego pra existir em boas condições, sabe? Esses dias estava passando a timeline do facebook, aquele lugar onde a gente esquece às vezes de dar unfollow em parente, quando me surge um post com as seguintes palavras bonitas: "quem quer privacidade que fique solteiro, casal tem que compartilhar tudo. quem vê meu corpo e divide comigo a cama é lógico que divida também a senha e o celular".

AHAHHAHAHAHAHHAHAAHAHA PUTAQUELOSPARMITO!

Não sabia nem por onde começar a me desesperar com a quantidade de curtidas e compartilhamentos dessa desgraça. Também não sou nem trouxa de comentar um post imbecil desses pra lindos parente me responder "por isso que tá sem homem", como se não fosse fruto de escolha própria, mas de destino maligno por eu ser ~assim~.

O problema é que eu sei que MUITA GENTE compartilha desse pensamento, especialmente muitos homens. Mulher minha não tem senha no celular, por isso é coisa de biscate. Então tá.

Mesmo antes do advento do celular, eu já tinha uma noção de privacidade e individualidade muito acentuada. Uma vez, terminei um romancinho porque fui a um lugar sozinha e antes de me dizerem oi, perguntaram "CADÊ FULANO?". Eu tô costurada nele? Eu tinha vida antes dele? Olha, vão todos cagar, que eu não posso ser reduzida a uma fusão de casal. Sai pra lá.

E tem o eloquentíssimo movimento de, cada vez que você tem um homem, os convites de eventos sociais, CEM POR CENTO DELES, incluindo aqueles dos amigos que você tinha antes de esse homem surgir, passarem a ser direcionados a ele. E o desgraçado sempre vai filtrar de acordo com sua conveniência e você só vai saber duas semanas depois que perdeu um aniversário porque ele tinha um churrasco com os amigos de infância que você inclusive detesta e você nem foi porque olha bem pra minha cara. E não adianta tentar argumentar com seus amigos, eles ficam incapazes de compreender o motivo de ligar pra uma mulher em vez de ligar pro MACHO SOBERANO.

Eu prefiro viver só.

Tenho uma ideia bem fantasiosa do amor, uma coisa que torna divertida e importante a convivência entre duas pessoas, sem que elas deixem de ser duas.fucking.pessoas. Uma gosta de pescar, a outra gosta de ouvir música eletrônica no talo, mas ninguém precisa fazer isso grudado, é só uma parcela da vida que pode prosseguir normalmente enquanto os dois se enfiam debaixo das cobertas no domingo pra ver seriado com um balde de pipoca, compreende? Um conforto nas coisas feitas a dois que fica mais especial POR CAUSA das coisas feitas separadamente.

Nunca senti esse conforto.

Quando estou num relacionamento, posso generalizar com o uso do ~sempre~: SEMPRE estou desconfortável. Sempre o infeliz quer fazer parte de uma coisa que é minha e que não quero dividir e sempre quer me enfiar em seus infinitos e horripilantes churrascos com os amigos da quinta série que só falam de mulher como coisas e de futebol. Sempre tenho que ceder na escolha do filme e na qualidade da pipoca. Mas, se por alguma razão inexplicável (aconteceu duas vezes), eu tô achando até ok o funcionamento do relacionamento, um dia a pessoa surta que estou sendo sufocante e exigente e ó, ninguém nunca viu meu eu sufocante e exigente, porque EU.SOU.TROUXA. e invariavelmente coloco as necessidades e vontades alheias antes das minhas, nem que eu tenha que ler pensamento pra isso.

Por isso, uns anos atrás aboli relacionamentos num dia bastante específico, em que a pessoa problematizou a compra de uma caixa de sabão em pó. A coisa foi tão ridícula que eu mandei à merda imediatamente e, daquele dia até hoje, eu fiquei sozinha com um escudo de vibranium, jogando pra longe quem tentar se aproximar.

*****

Uma vez eu li isso aqui

"if you meet somebody and your heart pounds, your hands shake, your knees go weak, that’s not the one. When you meet your ‘soul mate’ you’ll feel calm. No anxiety, no agitation."

que vem a ser uma frase atribuída ao budismo, mas nem é (e não me importo de quem seja, pra ser sincera), e concordei. E meique resume tudo, porque essa coisa que te desestabiliza num pode estar muito certa não, amor devia ser um troço que dá calma.

Aí é que mora o PELIGRO.

Porque eu tava lá enlouquecida das minhas loucuras, quando surgiu c e r t a c r i a t u r a. Sabe aquele processo ridículo de encantamento, em que um dia cê pensa "só pensei isso porque eu penso isso em relação a todo mundo que eu conheço, pra ter certeza", 

depois cê vai pro "claro que eu tô pensando naquele diálogo, mas é que foi muito significativo mesmo", 

depois cê vai pro "não é que eu esteja interessada, mas ele é bonito, inteligente, engraçado e é normal querer me aproximar de gente assim", 

depois cê vai pro "não é que eu esteja arrumando desculpa, mas ele realmente vai gostar de saber disso e que melhor maneira de enviar que pelo whatsapp, mesmo que pra isso eu precise coincidentemente ter o número do celular",

depois cê vai pro "não é que eu esteja apaixonada, é que é bem normal pensar na pessoa e em tudo que ela fala de forma obsessiva",

depois cê vai pro "fodeo".


Normalmente é nesse momento que eu já visualizo a desgraça que vai ser quando a pessoa surgir na próxima vez e eu ficar vermelha, tiver tremedeira, falar coisas que não fazem sentido e sair correndo sem razão aparente.

Aí a pessoa surgiu na minha frente e............

Nada.

Inclusive eu soltei um maravilhoso "ué, cê tá fazendo o que aqui?" que rendeu 2 semanas de "nossa, a cara de desdém quando você me viu doeu na alma", fora a pessoa contando pra absolutamente todo conhecido em comum o meu desgosto de verlha ali naquele dia.

E eu fiquei esperando o dia em que viessem os tremeliques e pensei que seria depois de uma mensagem meio sem noção que mandei no celular. Não foi.

Ou que seria depois do dia em que aconteceu uma daquelas conversas ridículas de duplo sentido que só casaizinhos ainda não existentes conseguem ter, cheia de insinuações bocós, que deixam as pessoas em volta com vergonha alheia. Não foi.

Ou podia ser no dia em que alguém fez graça ao ouvir o telefone alheio tocando, dizendo "deve ser as namoradinha" e meu coração não despencou de 3 andares com a ideia. Não foi.

Podia ser depois de um grande oversharing, depois de 15 dias sem ver o cerumano, depois de fazer a doida e aparecer num lugar onde não fui convidada, só pra ver o indivíduo ~exibindo habilidades especiais~, escondida atrás da porta, ser vista e convidada pra entrar, como uma boa pessoa sem noção. NÃO FOI TAMBÉM.

E não foi quando a pessoa passou a achar conveniente debruçar sobre mim durante diálogos sobre assuntos tão internos, que as pessoas ao redor já dizem "não dá mais pra entender a conversa de vocês dois, parece que tão falando em código". 

Inclusive muito pelo contrário.

O que confere à situação de calma todo um nível de desespero.

Já aconteceu, inclusive, de eu estar em franca espiral descendente de ansiedade, com a mão tremendo, taquicardia e respiração ofegante, revirando a bolsa atrás do calmante. Quando finalmente tirei o comprimido do blister e estava segurando ele numa mão e a garrafa de água na outra, me surge a pessoa na minha frente, FALANDO INCLUSIVE BOM DIA, e pá, respiração, coração e músculos imediatamente restaurados às funções normais, tipo mágica.

Fiquei 5 minutos segurando o comprimido e pensando "tomo samerda ou o que?". Nem a ideia de surtar porque me acalmei (q) me deixava nervosa com a presença de anita ali. 

CÊ VEJA SE TÁ CORRETO ISSO????

Por que se a essa altura os sintomas de instabilidade não apareceram, pode existir uma chance de que seja amor.

E eu não tô preparada pra lidar com amor agora não.

*SURTA*

*vai descontroladamente até a presença do rapaz*

*se acalma*


FIM





chain and ball

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O funcionalismo público é um ecossistema bastante interessante de se observar (não).

Eu já disse e repito: é uma desgraça tanto pra quem usa como pra quem faz parte, só que é bem pior pra quem tá dentro, eu posso lhos garantir. Desde 1999 nesta vida, eu sei do que eu tô falando.

Uma coisa que acontece nesse ambiente é a competição pra mártir. Porque, amigos, se tem 23 pessoas não trabalhando, tem 2 trouxas carregando o silviço desse povo todo (por isso que às vezes as coisas andam devagar). Aí os dois trouxas - me incluo entre eles - não conseguem passar uma semana inteira sem o vangloriamento próprio, tipo eu que carrego esse país. Cê ameaça todo mundo dizendo que se um dia pegar uma catapora, as coisa param TUDO e aí quero ver cêis me dar valor!11 E o pior é que é verdade, mas quem que guenta? E o recalquinho dos trôxa é saber que tem gente que passa o dia no ambiente de trabalho fazendo vários nada, isso quando se dá ao luxo de aparecer.

A outra coisa bonita que acontece é meique derivada da primeira: fiscalização de vida alheia. Eu já parei com isso faz tempo, porque desde que a pessoa não dificulte minha vida diretamente, ela que se lasque. Mas é assim: os trôxa fiscalizando os outro trôxa pra ver quem trabalha mais e sofre mais, os trôxa fiscalizando os vagabundo pra poder dizer que trabalha mais que aquele ali ó, os vagabundo fiscalizando vagabundo pra ver quem é que faz menos, porque ali naquele extremo a competição é ver quem faz menos pra ganhar a mesma coisa.

E é por isso que acontecem momentos bonitos tipo esse de agora, a implantação do ponto eletrônico.

Pra quem trabalha direitinho é uma bosta? É uma GRANDE bosta. Mas alguém acredita que é o jeito de fazer os vagabundos trabalharem (não é), então todo mundo se lasca.

- mas, vaneça, se você trabalha direitinho, qual é o problema com o ponto?

O problema é essa bola acorrentada no meu pé. Tem dias que eu fico na minha cadeirinha pra sempre? Tem. Mas tem dias que tem que ir em outro campus, outra sala, tem dia que você tá saindo pra almoçar e uma aluna faz o favorzinho de desmaiar e você tem que ficar esperando a ambulância buscar e dar soro, tem dia que você tem que levar estrangeiros pro aeroporto, tem dias que você até já foi pro conforto do seu lar e te ligam às 8 da noite pra voltar correndo porque tem criança fazendo idiotice dentro do campus e você larga seu sanduíche de pepino e suco de goiaba pela metade pra ir acudir. 

E aí cê sai pra almoçar correndo como uma louca desvairada, come de qualquer jeito, corre pra voltar, chega 3 minutos antes da hora de bater o ponto, mas a bosta do ponto não bate com um mínimo de 60 minutos. Aí cê volta a trabalhar, se distrai e, quando lembra, se dá conta que serão 40 minutos pra compensar NO SISTEMA, que fisicamente cê tava aí.

Num tem como não amar.

Eu não me opunha a realizar ~trabalhos diversos~ até mês passado, acho que a gente tava aí pra isso mesmo. Mas com o advento do ponto, eu não saio mais daqui. Num é pra botar a bola de ferro no meu pezinho? Então eu fico aqui. Inclusive tenho que estudar, tá ótimo (não é como se eu estivesse concentrada e estudando, mas ok). 

Só que agora, ainda mais no começo, as pessoas vão ficar naturalmente pregadinhas em suas cadeiras, pra provar que elas estão lá sim, não é o amiguinho que tá batendo o ponto por ela. Isso também faz com que muitos trouxas não tenham mais que ficar se deslocando pra cobrir buraco, então tamos operando com estacionamento cheio, portas abertas, luzes acesas (até todo mundo descobrir comofas burlar o sistema)

Minha sala é tipo uma central. Do que, você pergunta. De tudo, eu respondo. Até gente perdida procurando o presídio vem parar aqui. O que facilita muito pros fiscal de vida alheia, porque é só vir aqui pra saber das 9dade. Mesmo antes, meu fiofó tá pregado aqui, porque é pra isso que eu sirvo, pra dizer que a pessoa está na sala errada, ligou pra sala errada, tá fazendo errado. Então eu tenho que ficar majoritariamente aqui.

Tem um infeliz que vem 83 vezes no dia, pelas mais diversas razões, fala OIIII em todas elas (desnecessauro), às vezes puxa conversa, às vezes fala bobagem. Eu vou contornando a situação como dá, porque é isso o dia inteiro, tô acostumada.

Aí da última vez, ele veio me dizer que está enjoado de me ver sentada no mesmo lugar. Kirido, cê trabalha na burocracia, tem armário que tá no mesmo lugar há 60 anos, talvez você tenha escolhido o lugar errado pra trabalhar? Então ele completou com "você tem que sair daí, trocar de lugar na sala, fazer exercícios físicos".

AH, NÃO.

NÃO.

PÉRA UM POUQUINHO.

As 9 horas que eu passo aqui, eu tenho um TRABALHO a cumprir. Um trabalho que envolve uma mesa e uma cadeira. Eu passo esse tempo todo sobre minha bunda? Não. Mas não dá pra fugir muito disso, meu amô. Cê quer que eu vá aonde? Cê sugere exatamente o quê? 

Agooooooooora, se você estiver INSINUANDO que eu devo me exercitar no meu tempo livre, que vem a ser 100% fora da sua jurisdição, aí eu acho que a gente vai ter que conversar mais sério porque:

a) isso realmente não é da sua conta e
b) quem foi que disse que eu não faço exercícios?

"Ah, mas é por causa da saúde que eu tô falando, faz mal a pessoa passar o dia sentada."

Tio, vai trabalhar nos correios, então. Lá o povo anda o dia inteiro, parece.

Olha, fica difícil agradar as pessoas. Lutam bravamente pra enfiar a gente num esquema que obriga a sentar a bunda na cadeira, mesmo que seja pra aprimorar a habilidade de matar mosca com raquete (ou colocar caminhos das índias em dia, por que não?), mas também não pode ficar sedentário, que aí já é ruim demais pra saúde.

Mais um dia feliz trabalhando pro governo :)

the age of Vaneçine

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Este post conterá muitos spoilers mesmo do filme The Age of Adaline. No caso da madame não ter assistido, favor parar de ler JÁ e consertar essa situação.

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Pronto?

Então vamo.


I

anos, amores e taças de vinho são coisas que nunca devem ser contadas

Eu sempre fui obcecada por idades e datas de nascimento. Sempre. É uma das memórias mais recorrentes que eu tenho, a fixação pela quantidade de voltas que a pessoa deu no sol. Por nenhuma razão específica, eu acho. Mas eu sempre preciso saber o dia em que a pessoa nasceu e quantos anos ela tem neste momento. 

Idade, em si, nunca foi um problema. É mais a ideia de quanto tempo a pessoa está na terra e o que se espera que ela tenha cumprido até aquele ponto. Você já tem 8 anos e não anda de bicicleta sem rodinhas? Você já tem 12 e ainda tá na quinta série? Você já tem 18 e não dirige? Esse tipo relevantíssimo de marcos que o cerumano tem que passar pra ser considerado bem sucedido.

Pode ser também porque todo mundo sempre fez muita questão de contar o tempo em relação a mim. "Você nasceu 9 meses e 2 dias de pois do casamento dos seus pais. A essa altura, sua mãe tinha 18 e seu pai tinha 23. Sua avó tinha 38 e sua tia mais nova tinha 12. Sua tia mais velha tinha 40. Sua tia mais velha era mais velha que sua vó. Você tem um primo exatamente seis meses mais velho. Você foi filha única por exatamente 5 anos. Você sabia ler e escrever aos 3. Você passou no vestibular de medicina com 16. Você tem 19 e ele tem 31! Você tem 30 e ele tem 23... Você realmente quer fazer essa viagem aos 32? Você tem 35 e ainda não está casada." Acho que deu pra pegar a ideia, né?

Da mesma forma que eu sempre sei quantos anos todo mundo tem (mesmo que a pessoa não me conte, que ela se recuse a me contar, eu vou descobrir), isso nunca impediu minha convivência de nenhuma natureza com nenhuma pessoa. Eu sempre tive amigos das mais variadas idades, em épocas diferentes da vida. Quando eu tinha 10, todo mundo era mais novo que eu. Quando eu tinha 15, todo mundo era mais velho, BEM mais velho. Hoje eu convivo com dinossauros no trabalho, com jovens muito jovens no mestrado (incluindo professores) e meus amigos têm 10 anos a mais ou a menos do que eu e tá todo mundo aí convivendo sem grandes conflitos causados por essa razão.



II

Sexta-feira foi um dia muito ruim, pra finalizar uma semana igualmente cocô. Mas a sexta não foi completamente perdida, porque eu tive uma aula bem do jeitinho que eu gosto, numas vibe neurolinguística, metafisica, viajada, very creize. 

Essa aula que eu tenho agora toda sexta é sempre muito boa, porque é uma aula colaborativa, feita no círculo do amor, pessoas muito inteligentes dividindo conhecimento e tudo mais. Parece que a gente tá ali só falando bobagem e rindo, mas a gente tá ficando mais esperto toda semana e tal.

Aí esse negócio todo de discutir como a projeção leva ao sucesso não era à toa: a atividade do dia era construir uma planilha de planejamento em três níveis: operacional, tático e estratégico. Qualquer pessoa que tenha estudado administração na vida já passou por esse tormento ~empresarial~, mas ali era pra definir essas coisas enquanto pessoa. O estratégico sendo num horizonte ali de uns 10 anos, o tático uns 5 anos, sendo que algumas dessas coisas deveriam ser ferramentas pro estratégico e o operacional mais imediato, pra alimentar o tático. 

O profe fez a gente dividir a folhinha e deu uns minutinhos pra gente escrever objetivos relacionados ao mestrado naquele momento e...



Assim. Fazer mestrado, fazer especificamente esse mestrado, aconteceu por uma razão bem prática e definida. Massss, no campo do que eu quero estar fazendo daqui 10 anos, o biênio 15/16 não tem praticamente nenhuma participação.



¯\_(ツ)_/¯



Eu até sei bem o que eu quero pra daqui 10 anos, só não consigo ver um caminho reto e bonito até lá. Enquanto pros amiguinhos todos o mestrado era tático pra chegar no doutorado estratégico, meu mestrado é operacional pro doutorado tático, pra VIDA estratégica que deve chegar ali por 2020. O que estaria bem certo, já que a vida começa aos 40. 

*chora*

Também teve o momento em que todo mundo, todo mundo MESMO definiu duas coisas para seus futuros daqui a 10 anos:

- falar inglês fluentemente
- ser concursado

Aí eu fiquei com uma intensa cara de pastel por motivos de: eu já. O profe perguntou se tava difícil estabelecer meus objetivos, porque eu tava com cara de

tela azul


Tá difícil sim, viu? Em parte porque eu não sei nem o que eu quero jantar, magina se eu sei o que eu quero daqui 10 anos? Mas também porque eu sei sim o que eu quero e não tem nada a ver com isso AND o que todo mundo quer eu já tenho.

Menos amor, que aí não tenho, mas isso é outra história.

Bom, por 20 minutos eu me senti muito realizada enquanto cerumano por ter a vida que muita gente ~almeja~. Mas passou até bem rápido porque eu mesma não queria essa vida não. E aí bateu a bad de estar fazendo tudo errado pra VER se vai dar certo. E se não der, né? Fuén.


III

Minha aula acabou mais cedo. No passado, quando eu podia compensar os dias de aula, eu simplesmente ia pra casa ou fazia alguma coisa útil, tipo comprar ração das quiança. Agora ou eu fico plantada na sala esperando a hora de bater o ponto e torcendo pro wi-fi funcionar, ou eu volto pra minha sala no trabalho pra ficar amaldiçoando a existência até a hora de bater o ponto. Como o wi-fi capotou-se, minha alternativa foi atravessar a rodovia e voltar pra minha sala pra curtir uma INTENSA bad. Porque a ~tarefa de casa~ era fazer o plano de três níveis para as várias áreas da vida. Aí, meu amor, se profissionalmente e academicamente a coisa tá ruim... Pessoalmente eu tô no chão. 

Eu pensava no que eu achava que eu achava que teria a essa altura da vida, com TRINTECINCO anos e chorava. Pensava que daqui 10 anos eu tenho coarenta-e-cinco e chorava. Pensava nas coisas que eu tento consertar enquanto indivíduo e tudo dá errado e, bom, chorava. 

*****



Sabe quando Barney Stinson diz que nada de bom acontece depois das duas da madrugs? Essa regra se aplica pro horário comercial também: nada de bom acontece depois das 17h. ESPECIALMENTE numa sexta. Aí cê fica lá, pensando "tá tão bom aqui na frente desse ventinho, tô estudando, tá rendendo, vou pra casa daqui uma hora".

MAS.QUE.CAGADA.

Não vamos estar entrando em detalhes, pois reviver coisa ruim ninguém merece. Só vou dizer que cheguei em casa 19:48h, com uma crise de alergia incapacitante e furiosa. Assim que eu botei o pé em casa, a última pessoa presente saiu, fazendo com que eu tomasse consciência de que isso sempre acontece no fim da semana: estou sempre sozinha, sempre em casa.

Isso + o confronto com a realidade pra fazer o plano pessoal + os acontecimentos mais recentes do dia + a semana como um todo + o escapamento do meu carro arrebentou e agora eu tenho som de pobre pelas ruas = desabamento emocional level hard.

Sentei na frente da tv e chorei por uns 40 minutos pela incompetência em viver, no geral. Fiz uma pizza que poderia figurar no comidas feia, tomei um antialérgico potente pois lágrimas pioram alergia de pele e nem banho eu tinha condição de tomar naquele momento e fui fazer o que qualquer pessoa sensata faria: ver um filme que permitisse chorar. Mais.

Sabendo que o cachorro morre, fui bem certeira rever esse maravilhoso filme que eu amo tanto e acho que todo mundo deveria assistir.

IV

Quando eu li a sinopse desse filme, eu já sabia que ia gostar. Uma senhora de cento e tantos anos aprisionada num corpo de 29, aquela carga interior que te faz se sentir mais velha que todo mundo à sua volta, envolvida por uma massa que mal passa a credibilidade da vida adulta.

De acordo com dados da PM e do datafolha opiniões que sempre me dão, mesmo que eu não peça, posso concluir que não aparento a minha idade. Semana passada eu tava me desesperando por bobagem (cê jura) e a interlocutora vem "mas, menina, cê tem o que? uns 25 anos? não é pra esse sofrimento todo não". Então tamo bem atualizada aqui no quesito juventude facial incompatível com a idade cronológica. Esses dias me proibiram de dirigir um carro, porque precisava ter mais de 10 anos de carteira de motorista e a pessoa achou que eu num tinha nem 2. A primeira bebida que eu comprei sem mostrar a identidade foi depois dos 30 anos, assim como a primeira vez que entrei numa balada sem ser barrada.

Então eu vivi intensamente esse descompasso temporal a minha vida toda. Acho que isso me deixa um pouco biruta, pra ser sincera. Eu nunca sei o que eu deveria estar fazendo, de acordo com a minha idade. As outras pessoas da mesma idade que a minha parecem velhas demais, quase sempre. Eu me sinto inadequada perto daquelas com quem eu me identifico, porque parece que está errado conviver com gente que está em uma fase tão diferente da vida. Mas diferente como? Não sei.

Uma eterna sensação de não-pertencimento. A nada. Nunca.



Fiquei me perguntando se não vem daí a sensação que nada acontece feijoada: essa obrigação de cumprir alguma coisa que a gente nem sabe o que é num tempo que é, que ainda vem a ser um círculo.

 

A nossa compreensão do tempo como tempo do relógio pertence à nossa compreensão equivocada da verdade como verdade eterna. We constantly seek what cannot be delivered in life. 

V


Com isso, resolvi que, dentro do possível, vou viver o desapego chronico (heh). Vou me libertar dessas amarras de datas e tempos e marcos e planos e vou, sei lá, viver. 

Toda uma catarse provocada por um filme, uma aula inspiradora e um dia ruim.

Já tô sendo a protagonista da minha própria história sem graça.

Tudo que é reto mente. Toda verdade é sinuosa.







LET GO.

mas você também, né?

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EU TAMBÉM O QUÊ?

*****

No post passado (que toda a população da internet ignorou solenemente, estou #chatiada) eu estava falando, entre outras coisas, sobre a percepção de sucesso.

Nossa sociedade percebe sucesso de umas formas bem estúpidas, na minha opinião. Daí esse mar de frustração existencial que a gente vê à nossa volta.

Por exemplo:

Minha mãe queria ser pianista, é engenheira.
Minha irmã queria se estilista, é antropóloga.
Meu irmão queria ser músico, é advogado.
Eu queria ser escritora, sou administradora.

Tem como ser feliz?

Não tem.

(Aí vem aquele povo do "segunda não é ruim, seu trabalho que é uma bosta" e quem foi que disse o contrário, more?)

Mas a sociedade tenta me convencer de que eu sou um sucesso, porque eu consegui algumas coisas na minha vida, tipo: passar em um concurso com 180 candidatos por vaga (eu passei em 3, mas só trabalho em um lugar, né?), por conseguir me comunicar na minha própria língua (OITO PORCENTO da população!) e em mais uma fluentemente em mais umas 5 se minha vida depender disso, por ter uma casa em uma boa vizinhança (e eu não estou falando aqui da casa dos meus pais, já que a casa tá no meu nome também), por ter acesso à saúde e educação, por fazer parte de um seleto grupo de estudantes de pós graduação em engenharia, em uma universidade federal e por aí vai.

GRANDES BOSTA.

Isso aí traz realização e felicidade? Pra minha pessoa: não.

Eu tenho coleguinhas que têm um pouco menos do que isso e acham que chegaram no topo da realização existencial e fico bastante feliz por eles, né? Mas, pra mim, isso é o mínimo pra dizer que não estou na terra apenas gastando recursos naturais.

Por exemplo: eu sempre soube que queria fazer alguma coisa artística na minha vida. Eu me virava com o piano desde bebê, praticamente. Sempre tive máquinas fotográficas, sempre gostei de desenhar, pintar, escrever. Por um tempo, eu tentei ser atleta e ganhei todas as medalhas de todas as competições que eu participei, qualquer que fosse o esporte, em grupo ou individual. Mas tacaram um teste vocacional na minha cabeça e uma das ~aptidões~ era engenharia. Talvez isso tenha sido influenciado pela escola que eu estudava, em que tentavam transformar a gente em mini engenheiros desde antes da oitava série. Tenho culpa que também sou boa em matemática? Não tenho.

Mas a sociedade me fez pagar.

*****

99% dos problemas que eu tive no ano passado foram causados pelo mestrado. Eu trabalho com educação superior há tempo suficiente pra saber que mestrado é realmente uma época difícil na vida de qualquer acadêmico. É a PIOR época. Tudo que você tem que cumprir e o tempo que você tem pra isso tornam esse período o pior da sua vida. 

Isso se tudo correr bem.

Eu, enquanto minha própria pessoa, tive dois grandes problemas extra:

- ser mulher
- ser não-engenheira

E mais um terceiro:

- conhecer todo o corpo docente.

Esse último é uma desgraça que já tinha acontecido antes. Professores conhecem você profissional e pessoalmente, conhecem sua família, sabem da sua vida, então acham que podem acrescentar essa informação na hora de tratar com você e te avaliar. "Sim, eu fui rude, mas é que você já me conhece, não preciso pisar em ovos com você". MAS EDUCAÇÃO PRECISA SIM.

Então vamos nos ater apenas àqueles problemas menos evitáveis.

~ SER MULHER~

Na academia, isso é uma afronta por si só. Como assim, você, parideira, cozinheira, arrumadeira ÔZA (do verbo ozada) estudar e permanecer roubando vagas masculinas no ensino pós graduatório? ESTÁS LOUCA?

Sei que em 2016 tem gente que chama de vitimismo e coitadismo, mas seriam essas pessoas mulheres em lugares que até menos de VINTE anos atrás eram predominantemente ocupados por homens? Porque eu VI minha mãe fazer faculdade de engenharia no começo dos anos 90. Nas 3 engenharias disponíveis na faculdade, não dava pra encontrar DEZ mulheres ingressas por ano. No ano que eu fiz vestibular na mesma faculdade, 6 anos depois, o número de meninas não chegava a um terço. Eu trabalho com cursos de engenharia (e arquitetura) até os dias de hoje e vos digo: em alguns deles até chega a meio a meio. ALGUNS. Mas o corpo discente é predominantemente masculino, porque em elétrica e mecânica a predominância ainda é masculina. Dez anos atrás eu fiz especialização em mecânica e só tinha eu de mulher na sala. Entre os professores, a média é a mesma. Eu faço a inscrição dos concursos (EU TÔ NA CADEIA INTEIRA, FIOTESSSS, eu trabalho e estudo com isso, ninguém barra) e até ano passado não dava meio a meio. Este foi o primeiro ano em que se inscreveram mais mulheres do que homens, mas para engenharias mais "recentes", como a de produção. Que inclusive é a minha. Onde entramos na exata proporção 50/50. 

Agora cê pensa o que isso representa.

Graças ao senhor bom deus, eu me libertei das garras desse amor gostoso do machismo, praticado até mesmo por mulheres, quando eu troquei de orientador e minha vida mudou. Primeira vez na vida que me sinto respeitada enquanto estudante de engenharia: desde janeiro deste ano. Um feito pra quem tá nesse ambiente desde 1994.

Ryzos.

A engenharia de produção é filhotinho de dois outros cursos: administração e engenharia mecânica. De modos que em algumas áreas bem específicas da administração, especialmente quando se fala da parte industrial, os professores costumavam ser engenheiros. Hoje em dia sei que tanto na área industrial quanto na matemática muitos engenheiros ainda fazem parte do corpo docente. Agora cê imagina no final dos anos 90 os cursos sendo inundados de mulher? O meu tinha uma proporção de meio a meio, sendo que a esmagadora maioria das meninas escolhia marketing ou RH quando chegava a hora de dar um rumo pra ênfase. A imensa minoria - eu entre eles - ficava com finanças, produção ou negócios internacionais.

Já ali dava pra sentir o machismo. Em qualquer engenharia (e em algumas áreas da administração, já que eu acho que não existem mais ênfases), em algum momento, você vai escutar durante uma explicação mais complexa:

- isso aqui não é aula de corte e costura.

De 1998 até hoje, eu perdi as contas de quantas vezes escutei isso. "Quando você ler ITA, não se trata do instituto de tricô de arapongas!". São poucos os professores que passam incólumes por essa frase. O infeliz prefere tentar diminuir os ouvintes que se propor a fazer a turma toda compreender o conceito. Prefere semear a ideia de incapacidade de quem está lá pra aprender que se desafiar a ensinar. Acho icônico.

Ano passado, quando um professor perguntou se era difícil compreender o conceito porque a gente achava que estava numa aula de corte e costura, eu respondi "mas você sabe costurar, profe?".

- como assim? o que isso tem a ver?
- nada, ué. corte e costura não tem nada a ver com a aula, mas você usou o exemplo, então eu pergunto, você sabe costurar?
- não, CLARO que não.
- então não fosse existir alguém que faz esse trabalho, você andaria com um tecido amarrado com barbante pela rua?
- não tô entendendo!
- se todo mundo tem que ser engenheiro e se lembrar que isso é muito melhor que ser costureiro, no caso de as pessoas largarem a função de corte e costura pra produzir outras coisas melhores que roupas, você abdica de se vestir ou se enrola nuns pano e amarra com barbante?

A pessoa riu e ~voltou pro assunto~.

Mas tô errada? Mania insuportável que engenheiros têm de diminuir qualquer outra profissão que não seja a deles ou de achar que quem está ca-gan-do para números não é inteligente. 

Tem que ter paciência.

Donde chegamos em

~ SER NÃO ENGENHEIRO ~

E, veja bem, não é "não ser engenheiro", é ser QUALQUER COISA que não engenheiro. Dá vontade de perguntar se a pessoa ia viver de luz, se limparia a própria rua, se faria a própria manteiga. Se ninguém estivesse disposto a cozinhar, limpar, jardinar, produzir arte, artesanato, e fazer toda a infinidade coisas que tornam a vida rica, o engenheiro estaria disposto a acumular funções, pra que o mundo fosse feito de engenheiros e fosse totalmente prático e horrível ao mesmo tempo?

Acho que não.

Mas desde que eu saí da graduação, todo meu tempo acadêmico foi dispendido em aulas de engenharia, por engenheiros, para engenheiros. Se você não me perguntar, você não vê a diferença. Tanto que eu passei numa prova de cálculo para engenheiros e tive uma nota bem na média, com a diferença que eu:

- não me graduei em engenharia
- estava formada havia mais de 10 anos
- e não estudei pra prova

diferentemente de todos os coleguinhas.

UÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ?????????

Passo o dia conversando com engenheiros ou aspirantes a. Em algum momento, alguém me pergunta onde eu fiz faculdade, eu respondo e PÃ (rap do windows). "Mas não tem curso de engenharia lá!". Eu sei, more, não sou engenheira. E a pessoa não compreende o conceito. 

MÁ COMO QUE NÃO É ENGENHEIRA SE ENTENDE A SUPREMA LÍNGUA DA INTELIGÊNCIA??????

Olha, cara. Olha.

Mas na sala de aula a gente tem que passar pelo eloquentíssimo ritual de dizer onde estudou, o que estudou, etc etc etc. No exato minuto que eu digo as palavras "formada em administração", o ouvido dos engenheiros traduz para "ser inferior que vai dificultar minhas aulas sendo o gordinho do livro A Meta". E daí pra frente eu tenho um total de ZERO dias de sossego, quando o professor explica um conceito simples e olha pra mim, me chama pelo nome e pergunta:

- entendeu, Vanessa?

Entendi sim, quer que vá aí na frente explicar pra todo mundo de um jeito melhor que o seu ou cê tá de boa?

Quando chega o momento de apresentar seminários na frente da sala, não é raro todo mundo dizer "noooossa, agora que você explicou eu entendi" na frente do professor. Geralmente aquele que me perguntou se eu entendi. Mas o orgulho dO ENGENHEIRO jamais permitiria dizer que uma sub qualidade de pessoa conseguiu compreender e explicar um conceito de forma inteligível, de modos que eu tive um festival de nota B durante o mestrado. Que me fez chorar muito, sejemo sincero, mas considerando que sou mulher-não-engenheira, eu devo me orgulhar da honraria.

Agora eu tenho um orientador engenheiro-porém-gestor e um coorientador de sociais aplicadas - que é a melhor corrente, já que é um mix de humanas e exatas, OUSSEJE, gente inteligente em qualquer frente - então meu mundo é bem mais feliz. Orano pra que prospere.


********

Aí eu tava lá revisando meu trabalhinho qualitativo AND quantitativo (num falei que é melhor?), quando alguém fala que sei lá quem tá fazendo mestrado em publicidade. Senti uma pontinha de inveja por achar que qualquer curso que exija criatividade deve ser melhor que o meu, mas continuei minhas leituras. As pessoas me puxaram pra conversa, falando que a criatura em questão está sofrendo muitíssimo os horrores do mestrado.

- sei como é, mestrado é um trabalho árduo.
- ah, eu acho exagero, nem é em engenharia!
- não tem problema, pesquisar é sempre complicado e cansativo, tanto faz a área.
- mas você parece que nem sofre!

Mano, em que caverna essa pessoa está vivendo?

- oloco, se isso não é sofrimento, eu prefiro nem ser apresentada.
- mas é que a menina só reclama todo dia e...
- MANO, MESTRADO É UMA DESGRAÇA MESMO, ABRAÇA ELA!
- vai dizer que você sente dificuldade?
- mas mddc, claro que sinto. é por isso que eu estudo tanto.
- mas você também, né?

Eu queria saber EU TAMBÉM O QUÊ?

Sou trouxa e permaneço fazendo coisas de que não gosto, só porque é o que todo mundo queria?

Sou trouxa e tenho que me sentir agradecida por fazer parte de uma minúscula parcela da população nacional e até mesmo mundial que se pós-gradua? 

Sou trouxa e deixei o inimigo perceber que faço sinapses de acordo com o esperado pela nação e em vez de ser feliz assoprando dente de leão e soltando bolhinha de sabão eu gasto minha vida estudando?

Sou trouxa e ingressei num curso de universidade pública, que parece ser a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa, mas é tudo mentira porque os maiores egos do mundo estão enfiados nesses lugares?

Sou trouxa e já tinha me convencido a passar o resto da minha vida na burocracia, alimentando minha alma com blogs, máquinas fotográficas, desenhos, decoração e desfiles de moda nos limites do meu quarto, pra fingir que sou realizada enquanto pessoa?

Jamais saberemos.

Devo só dizer que sou muito ressentida por essa percepção de inteligência que se tem de mim, porque é um fardo muito pesado pra carregar. Todas as pessoas """""""""não inteligentes"""""""""", das redondezas, de quem ninguém esperava nada, estão seguindo seus sonhos. Enquanto eu estou presa nessa desgraça do seguro-almejável porque eu sou inteligente demais pra desperdiçar.

Puta merda, viu?

amor própio kd

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Olar, meninas, no vídeo de hoje eu vou ensinar como brilhar muito depois de uma crise alérgica que deixa sua cara parecendo um balão e todo mundo perguntando se você chorou :)

Já adianto que não desisti de fazer um post com os melhores momentos da seção de comentários do post passado, apenas não foi possível reunir neurônios, tempo e capacidade cognitiva em geral.

Enquanto isso, fiquem com mais um vídeo bosta.

Lembrando que quem assina o canal vê primeiHAHAHAHAHHAHAhahhaahhaHAAHHAAHhahahhahahahahahahHAHH

Minha cara está ainda mais brilhante e estufada neste momento, porém providências cabíveis já foram tomadas, não precisa ninguém me recomendar médicos, remédios, tratamentos. 

E tem glitter, né? MUITO GLITTER espalhado pela cara de quem não sabe se maquiar.




o_O

PS: usei o vocativo corretamente lá em cima, o que automaticamente já me desqualifica como blogueira, o que é uma pena :(((((((((((

[15 minutes of] fame's anatomy

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Eu não sei quem de voscos faz parte da rede social facebook ou da minha rede, que seje, de modos que não sei quem tá familiarizado com o ocorrido.

Xô contar a história pelo lado de cá, então.

Eu e minha irmã temos o saudável hábito de ver novela juntas. A gente normalmente escolhe a novela das sete da grobo, porque é a hora que a gente chega em casa, come, lava a louça. A tv da cozinha só pega esse um canal mesmo, a gente não tem muito critério.

Quando começou Totalmente Demais, eu tinha um total de zero paciência pra ela. Detestava mesmo, não assistia. Mas é a bendita hora em que a gente senta, come, lava louça, num tinha muito como fugir. Em um certo momento eu já tava apegada à história bosta da novela.

Eu ODEIO o personagem do Jonatas. Odeio. Ele aparece em cena, eu quero morrer. Acho ele insistente, irritante, desrespeitoso e egoísta E NÃO VOU ESTAR EXPLICANDO, pois óbvio. Meu sonho é que ele desencarnasse e a novela prosseguisse. Infelizmente não acredito que estarei sendo agraciada com esse acontecimento, então me contento em colocar no mudo ou passar rapidamente quando vejo gravado e a cara dele aparece na minha tv.

Se você não assiste à novela, o que você precisa saber: esse imbecil é apaixonado por uma menina que sente síndrome de estocolmo por ele, mas namora outro cara, de quem ela parece gostar. O insuportável não apenas não deixa ela em paz, como começou a namorar outra menina, uma suposta feminista. Pois é o pior relacionamento já visto na tv, porque não tem o menor respeito nem, sei lá, satisfação. Eles só brigam porque ela tem ciúme da protagonista e ele lamenta ter perdido o relacionamento com ela. SÓ.ACONTECE.ISSO.

Aí eu me pergunto: quem escreve uma personagem feminista que

- namora com um cara que OBVIAMENTE não gosta dela;
- não aceita que esse cara precise de um tempo pra reconfigurar os sentimentos e pressiona o.tempo.todo;
- faça o papel da mocinha insegura?

Não que não aconteça, veja bem. Eu só fico desgraçada da cabeça com o retrato feminista. Ela poderia assumir que quer ficar com um cara que não gosta dela e seguir a vida, podia respeitar o sentimento do cara (tanto pela outra, como por ela), podia fazer menos a sofrida, sei lá. Ou podia fazer como uma mulher empoderada (embora eu odeie essa expressão) e NÃO. FICAR. COM. O. CARA. QUE. NÃO. GOSTA. DE. VOCÊ.


- ain, vaneça, não é fácil.

PUTA QUE PARIU, não apenas é fácil pa caraio, como extremamente recomendável.

No caso de você ter neurônios operantes, você sabe que não vai morrer com a ausência de ninguém na sua vida, correto? Pode ser EXTREMAMENTE CHATO viver sem alguém de quem a gente gosta, porém na configuração geral da sobrevivência, tem um total de nenhum impacto.

Aí, sei lá, cê lembra que é uma pessoa legal, divertida e sei lá o que mais você tem a oferecer enquanto cerumano, no que tange à convivência. PRONTO. O cara gosta pacaramba de você e tal, rola uma pegação maneira, vocês se divertem e tudo, mas não é amor, não é nada, não é nem uma boa amizade colorida, porque você se sente mal o tempo todo, porque você queria mais do que aquilo, porque você não tá na lista de prioridades do infeliz... O que seja. Se não tem aquela gostosa sensação de companheirismo e, por que não dizer CALMA, meu, lérigo.

Cê pode escolher manter a amizade, porque a pessoa é importante e seria maneiro não perder ou cê pode conhecer outras pessoas, aprender a língua portuguesa, a letra do hino nacional, dar uns rolê de bike, faxinar o banheiro como tá precisando há meses. Sabe? 

Eu tenho essa dificuldade de entender mendigamento de amor.

***** 01 experiência *****

Uma vez eu me submeti a um friends with benefits kind of relationship. Eu achava que a gente tava na mesma vibe: um apreço mútuo, tempo livre, nenhum sentimento amoroso e um acordo, no geral. Qué dizê, a gente não tinha nem prometido exclusividade até o dia em que ele me viu ~pelas ruas~ com um amigo, achou que a gente parecia estar também em um relacionamento e pediu pra que eu terminasse. Expliquei que não tinha benefícios nessa outra amizade, porém compreendi que isso significava um contrato de exclusividade. E só. Não éramos namorados, um não ligava pro outro diariamente, a gente tinha a vida e tinha os dias que a gente passava junto. Só.

Pois levou um tempinho pra eu abrir meus olhinhos e ver não apenas o ciúme doentio, como a necessidade de controle, a posse, a agressividade e essas coisas bonitas que homens acham que podem fazer com a gente. Precisou uma meia dúzia de acontecimentos pra eu ver que aquilo não era um teatrinho engraçado e piada interna nossa, que aquilo era bem sério e preocupante. Abuso emocional, verbal e, né?, físico. Eu achava que aquele era meu melhor amigo (naquele momento) e que se eu fosse muito rude, a amizade acabaria. Até a hora que eu entendi que não apenas ele nunca foi meu amigo, se aquilo era amizade, ela TINHA QUE acabar.

Na hora parecia bem horrível. Meldels, mas essa pessoa que sabe tudo da minha vida eu vou mandar pro quinto dos infernos assim? Sem reconsideração? Sem pensar direito? A gente é boboca assim, migas. O cara é O MAIOR IMBECIL DA REDONDEZA, tem que mandar pra casa do cacete sim.

Na hora doeu, mas agora eu mando agradecimentos pro meu eu do passado.


**** OTA experiência ****

Aí tem o cara por quem eu obcequei boa parte da minha vida. Sendo eu, no caso, a urubua que não larga o cara quieto. Mas como eu já cansei de falar, eu não sei interpretar sinais humanos e eu nunca sabia quando o cara tava dando abertura (ele ~confessou~ algumas) e quando ele tava só sendo gente boa. Pesei numa balancinha mental se valia a pena forçar uma situêixon e (a) correr o risco de dar errado e ele sumir, (b) correr o risco de dar certo, porém terminar em 6 meses e a amizade acabar, (c) deixar quieto e manter uma amizade importante pra mim, porque amor passa e amizade fica. Não, a ideia de happily ever after não costuma me ocorrer.

Fiquei ali sendo óbvia por um tempo, mas o rapaz uniu-se em relacionamento com uma moça que não podia ter menos a ver comigo, o que me dá uma dica importante de que ele JAMAIS se envolveria com a minha própria pessoa. Além de ter mantido uma discrição bastante contundente com relação ao relacionamento. Tipo, se a pessoa vira praticamente perfil de casal no facebook, foto de perfil a dois, declaração de amor de hora em hora, a gente sabe que esse relacionamento tá fadado ao naufrágio e é só esperar. Mas esses deixados para a intimidade e o conforto do lar tendem a durar uma eternidade. 

Um recado óbvio, né?

Pela primeira vez em anos, tirei meu time de campo. O que aconteceu? Encontrei um crush com quem tenho um relacionamento que HÁ ANOS eu não tinha e que me manda mensagem de madrugada com foto de comidas feia, porque ele sabe que eu vou ficar feliz. Ó que evolução que acontece na vida da pessoa quando ela não mendiga afeto.





CAHAM.


Bom, daí veio a motivação do post no facebook. Alguém falou em um grupo que queria ver o casal da novela junto e eu pensei MINHA SANTA RITA DO PASSAQUATRO, ó o que as pessoas classificam como romance, que bosta. E escrevi o post.

Nunca esperei o que veio em seguida.

Porque assim, era uma semana decisiva no mestrado. Faltava exatamente uma semana para a minha qualificação e eu estava estressadíssima, fazendo a única coisa que eu sei: tentando distrair minha mente cada vez que começava uma crise de ansiedade. Estando presa a um computador o dia inteiro no trabalho, eu frequentemente posto bobagens no facebook. Postei e fui pra um encontro com um dos meus 35 orientadores. Quando voltei ao computador, o número de compartilhamentos perto dos 50 já era muito maior que o normal pros meus posts. Na maioria, amigas. No fim da tarde, esse número já tinha multiplicado muitas vezes, começando a ser curtido e compartilhado pelos amigos dos amigos. Pensei "ok, depois eu reflito sobre isso".

Mas nada podia me preparar pro dia seguinte.

Acordei com mais de 100 solicitações de amizade (desconfio que as pessoas não sabem como o facebook funciona), mensagens privadas, mais notificações de que eu podia dar conta. Aquele alerta do chrome enlouquecido no computador, nada fazia sentido. Durante o dia, o facebook simplesmente parou de me mandar notificações que não fossem de pedidos de amizade ou de novos seguidores. Não tinha. Eu tinha que ir nos posts que eu escrevi depois pra poder interagir. Mas se eu me afastasse do computador, por meia hora que fosse, as notificações ficavam infinitas em tudo que era ícone. Eu nunca tinha acreditado naqueles prints cheios de notificações até esse momento. Foram dias de notificações confusas e loucura sem fim. Eu recebia mensagem no celular, mensagem no instagram, mensagem no twitter (onde aconteceu um print também, que trouxe seguidores loucamente), comentários aqui no blog, ao vivo, uma coisa bem perturbadora. Mas eu estava enlouquecida e ocupada com outra coisa, eu não sabia nem em que prestar atenção.

Deixei pra escrever esse post hoje, passados muitos dias, pra dizer "e, finalmente, um dia inteiro se passou sem uma notificação de pedido de amizade". Pois durante o escrevinhamento deste post foram dois. Três. QUATRO. CIN-CO.

Confesso que no começo eu ainda tava fazendo uma curadoria pra ver se alguém realmente queria contato e interação, aceitei umas 4 pessoas (que erro) no processo. Depois compreendi que deve ser o pessoal que não sabe como faz pra seguir uma pessoa ou tanto faz. No momento a contagem está em quase 500 pedidos de amizade que não tenho coragem de negar e nem morta vou aceitar.

Algumas pessoas vieram conversar comigo. Desde gente desesperada poque está presa em um relacionamento abusivo (!), até gente que tem o mesmo sobrenome e está montando árvore genealógica. Teve gente que disse ler o blog há anos e só agora tomou coragem de entrar em contato.

Eu sempre tive uma certa cota de pedidos de ajuda com problemas pessoais. Ao mesmo tempo que eu me sinto feliz que alguém que nunca me viu confie em mim pra pedir ajuda, eu acho uma pena que a pessoa não tenha ninguém perto dela com quem contar. Mas tamos aí, o que der pra ajudar, eu ajudo. Agoooora, a galera que tem medo de entrar em contato... Migas, chega mais! Eu sou uma cavala porque não tenho trava social, mas nem é por mal e a gente sempre se acerta. Teve gente que jurou que nunca mais ia falar comigo porque levou patada (que eu nem percebi que dei) e tamos aí sendo grandes migas hoje em dia. Não precisa ter meda.

Tá certo que 93,7% das pessoas que se tornam minhas amigas abandonam o blog, mas não abandonando da vida, tá tranquilo.

Bom, fora a interação de desconhecidos, o ~post da fama~ também teve efeito sobre as pessoas que eu conheço. Aquelas que têm o pensamento mais propenso ao da liberdade feminina, se aproximaram. As outras se afastaram. O que eu acho ótimo, pra dizer a verdade. 

A situação atual do post é a seguinte:



Nunca na minha vida imaginei cinco mil likes. Esse tanto de share eu já tinha sofrido no twitter na época das eleições, quando fui parar até no youpix com um dos tuítes mais idiotas da história.




Tenho fé que na terceira ocorrência eu fico famosa de vez.

Massss, voltando à ~problemática~ do post do facebook, eu fiquei pensando duas coisas:

1 - NUNCA LEIA OS BENDITOS COMENTÁRIOS

O que teve de gente me chamando de promíscua e analfabeta nos pouquíssimos comentários que eu li quase me desestabilizou. Tive um ataque de riso com o  "promíscua" porque não beijo nem resfriado na boca, imagina dar pra todo mundo, né? I wish. Mas quer chamar de dadeira, chama, acho ótimo, queria, MAS NÃO CHAMA DE ANALFABETA, CARA. 

Confesso que li pouquíssimos comentários, já que minha estrutura emocional não estava permitindo e agora o timing já passou. Mas pensa: eu perdi as contas de quantas vezes o post foi compartilhado nas páginas realmente relevantes, então é comentário DEMAIS até pro meu ego de 4 andares com sacada. Lia só aquela primeira meia dúzia de quando a gente vai conferir se tá linkado mesmo e seguia a vida. Comentários são um tiro na alma.

2 - VAMO MELHORAR ESSA AUTOESTIMA FEMININA PRA ONTEM

Não sei como que tá a interpretação de texto da galera, mas a mensagem do meu post era muito simples: vamos nos respeitar.

Só isso mesmo.

Tava mandando ninguém sair dando, tava mandando ninguém sair parando de dar, tava só falando "miga, ouça sua voz interior. se tá bom, segue. se tá ruim, para". Bem simples.

Chega a DOER ver uma ideia tão óbvia de amor próprio ser compartilhada um trilhão de vezes! Você entende que a coisa tá errada num nível bastante profundo, porque também tinha muito comentário dizendo "nunca pensei por esse ângulo". 

E, olha, eu sou a pessoa com a menor autoestima que eu conheço. Se eu consigo, TODO MUNDO consegue. (Um post metafísico sobre o assunto deve vir em breve, tô fazendo as tarefinhas de casa do mestrado de ler sobre física quântica, cêis se prepare pro rebosteio verbal).

Então assim. Foi bem loco. Fiquei pensando como que pessoas famosas sobrevivem em rede social, sendo que você nunca mais pode contar com suas notificações e todo o comportamento da coisa fica enlouquecido pela quantidade de interação. Não sei se eu seria capaz, era bem provável fazer a SIA e ficar um pouco biruta. Mas adoraria ter sido um bom exemplo nesses dias de visibilidade.

Claro que a afofadinha no ego dá aquelas coragens idiotas, tipo fazer uma página pro blog. Se você me perguntar o motivo, eu te digo: não sei. Tô loca. Já aviso que ninguém precisa curtir pela amizade, porque eu mesma nem sei o que fazer lá. A intenção é ser uma grande festa da uva, que todo mundo fala e posta o que der na telha, desde que não ofenda o amiguinho. Vamo vê se funciona, porque eu me arrependi assim que fiz, mas ainda não achei onde deleta.

É isso. Queria só dividir com vocês a experiência bizarra de ser assunto por um dia e do quanto reverbera esse negócio.

Pelo menos não foi falando merda que eu fui compartilhada, né? Já dá pra glorificar de pé :P

falando em fama,

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famoza fora da internet hahahahaha

~Fama~ na internet é uma coisa que teve várias fases (desde que eu cheguei e ainda era tudo mato). E de acordo com o meu próprio ponto de vista também, é claro.

No começo do século, todo mundo que era alguém no mundo dos blog, o único meio de interação social não baseado em chat (que eu me lembre), tinha um blog no blogger.br. Fiz uns 3 blogs bastante equivocados antes de """acertar""" a mão e ia vivendo minha vida de blogueira irrelevante, até começar a compreender o ambiente.

O blogger.br tinha algumas formas rudimentares de impulsionamento dos blogs.

- atualizações recentes

A coisa mais bocó que existia, porque tinha uns fidideus que passavam o dia colocando e tirando um ponto final e dando F5, só pros seus maleditos blogs ficarem ali naquela listinha. Funcionava com outros bocós. Porque assim: quando você atualizava seu blog, especialmente em horários ~não ortodoxos~ seu link ficava lá e era uma enxurrada de comentário ruim de gente que nem sabia o que tava fazendo por lá. Mas era um jeito de fazer seu blog subir em views, acho que não tem quem não tenha usado a técnica.

- blogs of note

Esse era um top 10 semanal que eu não sei se era em ordem de preferência ou se era aleatório. O importante é que seu bloguinho ficava ali numa lista na página inicial A SEMANA INTEIRA.

A parte boa era que se você alcançava essa glória, outros blogueiros "importantes" entravam no seu blog e, em alguns casos, respeitavam a sua pessoa dali em diante. Lembro que meu objetivo era ser amiga de um rapaz que atendia por ~tomate~ em um blog chamando ~abobra~ (vegetarianismo gone wrong), que vinha a ser o melhor blog daqueles tempos. E super funcionou. Não sei que fim tomate levou, foi minha primeira internet crush e até hoje eu não sei A CARA QUE ELE TINHA, porque foto digital era um troço raro e a taxa de transferência era precária, a ibagem das pessoas era bem pouco importante, eu acho.

Fui blogs of note duas ou três vezes, não sei. Era sempre um rebuliço quando acontecia, porque chovia comentário no blog e já naquele tempo o usuário padrão de internet não era exatamente a criatura mais bem versada no idioma vernáculo e a gente tinha que começar a aprender a lidar com interação idiota.

- what's up

A seção mais legal da página inicial, era uma recomendação personalizada, dizendo a razão pela qual seu blog era muito legal e deveria ser visitado. Era atualizada de 2 em 2 dias, mas ficava como uma timeline e acho que você aparecia uns bons 15 dias na página inicial.

Esse era o melhor de todos, porque envolvia LER, então dava aquelafiltrada na audiência e só trazia leitor legal. Também saí nesse umas duas ou três vezes? Não lembro. No conjunto total de coisas, era até bem pouco, mas eu não conheço muita gente que tenha figurado lá, então vou fingir que era importante.

*****

Nesse tempo, algumas pouquíssimas pessoas tinham blogs fora desse eixo. Tinha o pessoal legalzão do blogger.com (muito mais inteligentes que nós, obviamente, não tiveram que migrar quando ele se divorciou do .br, virou parte do grupo globo e eventualmente morreu), tinha o pessoal MAIS LEGALZÃO AINDA que tinha blogs em outros sistemas, vinculados a portais ou iniciativas de literatura, por exemplo, e tinha a galera do weblogger, que jamais entenderei. 

Desse pessoal de portal, sempre tinha as pessoa que conhecia pessoas. Por exemplo: um blog famoso no blogger.br, que eu sempre lia, linkava um outro blog cujo nome era o nome do dono. Um desses nomes tão singulares, que eu sabia que não podia ter outro no mundo. E era mesmo um coleguinha meu de infância. Esse coleguinha, parte de um site que tinha escritores blogueiros (veje o caminho inverso, como era bonito). Além disso, ele trabalhava na televisón e conhecia personalidades famosíssimas como Marcelo Tas. A quem acabei conhecendo numa palestra sobre mídias sociais, no começo de 2005.

Cê veje: o tema da palestra era um troço novíssimo que tava tomando conta do país, chamado ORCÚTE. Eu e ele já éramos ~amigos~ de rede social por conta do amigo em comum e por eu viver participando daquelas matérias do link do Estadão (socorro) e lembro de ele colocar um print da página de amigos no slide e minha foto estar bem no meio da ibagem. Marcelo Tas, uma pessoa CHEIA dos amigo, tinha um total de 50 pessoas em sua lista de amizade, você veje a fase inicial do orkut nessa altura. Aí ele perguntou "quem aqui nesta sala sabe o que é orkut e tem um perfil?" e TRÊS pessoas levantaram a mão. Era um auditório de mais de 300.

Eu, de minha parte, tinha sido convidada pro ORkut logo nos primórdios, porque sempre tive amigos innovators e bem conectados. Entrei na comunidade como ou não como quando eram menos de 100 membros e consegui fazer amigos que permanecem na minha vida até os dias atuais.

Nessa época, pessoas que hoje são grandes nomes do passado (mas naquele tempo eram os famosos blogueiros do momento) faziam parte de comunidades sobre blog e interagiam com as pessoas como se fossem mortais (ryzo). Gente que ganhou o título de pro-blogger por deixar o trabalho convencional pra se dedicar e ganhar dinheiro com blogs. Foi quando eu quase abandonei o meu, porque eu achava toda a vibe pro-blogger ridícula. 

Algumas pessoas se preocupavam em manter o público que conquistaram com a qualidade (qualquer que fosse) das suas postagens, mas teve o pessoal que descobriu como conseguir link de gente trouxa e passou a ganhar 6 mil real por mês. Se já é muito pra ganhar sem fazer nada hoje, cê leve pra economia de 10 anos atrás esse valor. E gente que tinha bons blog começou a ser ultrapassada em rendimento pelos caça-trouxa. Pessoas cujos nomes não direi, mas eram famosas pela qualidade das postagens, se transformaram em grandes babacas esnobes, que desfizeram amizade com todo mundo que não era relevante. Caças-trouxa seguiram dois caminhos: mantiveram seus blogs bosta OU se transformaram em ~portais de humor~, eu poderia dizer meia dúzia aqui de boboca com quem eu convivi de perto e eram realmente pessoas babacas. Tem desses infelizes que são """"""""famosos"""""""" até hoje, porque fã de babaca parece que se multiplica numa velocidade maior que o resto da população e eu me revolto quando vejo um amigo com condições intelectuais favoráveis dizendo "ô, cê já viu aquele blog/vlog/whatever?" que eu conheço desde 1820 e NÃO QUERO VER NEM DE GRAÇA. E faço campanha pro migo parar de se constranger na internet. Quer ver, vê. Mas não conta pra ninguém não.


Ali por 2008, quando já tinha mais gente na internet, o formato de blogs (famosos e profissionais) de hoje meique começou a nascer. Os famosos da época começaram a ameaçar abandonar seus blogs e seus perfis (era bem ridículo) e foram saindo das comunidades de discussão de blogs, onde sobraram os idiotas que se tornariam os xoxomídia dos anos 10. A gente passava o dia falando inutilidades, mas de vez em quando alguma coisa de útil acontecia e muita gente sabe o que sabe hoje sobre internet e relevância graças àquilo ali.

Eu conheci muita gente que hoje tem o nome conhecido na internet. Conheci grupos inteiros que eram clubinhos de que todo mundo queria fazer parte. Tem o pessoal cujo blog é profissão até hoje, tem o pessoal famoso no twitter, famoso nas redes sociais como um todo e coisa e tal. Tem MUITA gente que eu vejo postando e todo mundo compartilhando e eu sei a verdade por trás daquilo e tenho que aceitar que não posso convencer um por um de que cêis tão enganados.

Tipo: tem gente MUITO famosa (na internet) hoje, que já me deu a senha do blog nos primórdios, porque não conseguia trocar nem a fonte da postagem, nem a imagem do topo. Hoje ganha dinheiro "fazendo" montagem hahahahahahahah. É muito engraçado, eu me divirto muito enquanto ganho zero dinheiros por aqui. Mas não estamos aí ainda.

No começo desta década, as revistas - e toda a mídia escrita - começaram a perceber que estavam perdendo espaço para mídias digitais. A solução? Fazer parcerias com blogueiros ou personalidades virtuais. Isso foi evoluindo pra participação mais ampla de pessoas "comuns" da internet nas mídias escritas e foi aí que veio a fase blogueira capricho 1.0. 

Eu não sei como foi feita a primeira seleção, acho que entrei na terceira leva, quando a gente entrava por indicação. Fui indicada por uma das amigas de rede social e nem acreditei quando recebi a "convocação" (a gente já foi bem mais desconfiado, né?). Fiquei por 3 anos e indiquei duas pessoas que foram aceitas, nos anos seguintes. A graça era conseguir ser publicada na revista. Porque era quando a gente podia mostrar pra vó que todas aquelas horas na frente do computador tinham um propósito SIM e se eu quiser estudar letras eu tenho talento SIM e um dia eu vou ganhar dinheiro com a minha arte SIM (ahahhahahahahahahhahahahaha). Também porque trazia leitores legais pro blog, eu sei que tem alguns que estão aí até hoje.

Ironicamente, foi a pior fase do meu blog. Escrever com limite de caractere, tema, posicionamento, rigidez linguística e tudo mais ACABOU com a minha criatividade. Eu não conseguia mais dar vida pras minhas próprias histórias e, no fim, nem pras da revista. Mas I ain't no quitter e fui arrastando aquilo indefinidamente até que eu fiquei velha o suficiente pra revista me dispensar. Foi uma choradeira, mas foi melhor pra todo mundo. E foi nesse momento que o blog reviveu pro que é hoje e o caminho natural foi abandonar o blogger.br, vir pro blogspot e aceitar o fim sem dó dos arquivos do passado. Por um lado é bom, porque eu escrevia pior ainda na década passada.

Não sei dizer se o caminho que meu blog tomou foi o que dava pra tomar ou se foi o que eu escolhi. Eu vi muita tendência, eu conheci muita gente, tenho a impressão que podia viver de blog se eu quisesse. Será que eu não quis ou será que não tive competência? Provavelmente o segundo, mas eu me iludo pensando que foi o primeiro.

O problema é conhecer DEMAIS os bastidores. O cara que tem um blog "de humor", porém chatíssimo na vida real. A menina que tem um blog pra mostrar como homem não presta e trata as amigas de uma forma horrível, além de se pegar com cara comprometido e dá a desculpa de que "se ela não dá assistência, abre concorrência". Menina dando conselho sentimental e humilhando por causa de homem que não dá bola pra ela (tem uma fia aí que me mantem bloqueada ATÉ HOJE por causa de uma história que nem era o que ela imaginava, mas eu que não vou lá pegar na mãozinha pra contar. O que eu mais via era a pessoa pregando uma coisa na internet, ganhando admiradores e "fama" e fazendo o extremo oposto na vida. Fiquei com medo de me tornar essa criatura e mantive minha vida virtual essa babaquice desorganizada que cêis conhecem, que é a mesma da vida real. Qué dizê: 98% das pessoas que me conhecem dizem que eu sou 300% menos chata ao vivo. E é verdade. Mas eu prefiro surpreender positivamente, quando é possível.

Ainda hoje conheço muita gente que no bastidor é uma coisa e na internet é completamente outra, mas já tô mais treinada pra pensar: problema seus.

Por que estou postando isso? Nem eu sei mais. Lembro que achei engraçadas algumas reações das pessoas para comigo, dizendo que ficaram surpresas com a minha ~fama~ repentina ou aquelas que siacha famosas "ai, é assim mesmo, miga", mas o curioso mesmo é que praticamente toda a minha vida virtual (arhhggg) foi assim.

AH É, XÔ CONTAR.

Eu tenho um ou outro amigo famoso A NÍVEL DE BRASIL. Outro dia um deles estava fazendo uma aparição pública para interação com fãs e me falou que teria pouco tempo pra interação, mas que seria legal se eu pudesse passar pra dar um oi. Como eu sou gente fina PRA CARAMBA, eu peguei senha (pensa no ridículo que é pegar senha pra falar com seu amigo), mas eu não queria que ficasse feio pra ele parar a fila ou dar tratamento especial pra alguém. Afinal, ninguém sabe que ele é meu amigo, né? Fiquei bem feliz com a minha decisão quando vi um conhecido nosso tentando justamente furar a fila e sendo educadamente desencorajado pelo próprio famoso em questã. "Ah, então eu espero a fila acabar". A resposta foi: aqui não vai dar, cara, é um evento profissional e eu tô com a agenda fechada. FUÉN. Bom, tava eu lá bem linda na fila esperando, quando vejo uma pessoa me encarando de forma até um pouco desconfortável. Mas eu sempre uso roupas ridículas, meu cabelo tava bem azul, eu não questionei a pessoa. E foi tão insistente que o segurança meique veio vindo na minha direção e tudo. Aí a pessoa deu um tapinha no meu ombro e falou "ssaneva?".

Pra pessoa se referir a mim assim, tem 3 possibilidades:

- muito íntima
- veio do passado
- veio da internet

Respondi que era eu mema e ela "SSANEVA É VOCÊ MEMO? DA INTERNET? NOSSA, EU NÃO ACREDITO QUE TÔ VENDO A SSANEVA, GENTE".

E era eu a própria causadora de emoção na pessoa ali naquele momento, com tanta gente mais interessante à volta.

Então, sabe?

Se eu tivesse talento, pra fama eu já tava preparada.

(hahahahahahhahahahahahahahahahhahahaha)

crush, more like crash

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Aconteceram umas coisas meio horríveis nesses dias que passei sem escrever, aqueles delicioso gatilho de ansiedade e HS (alta sensibilidade). Aí eu comecei uma meia dúzia de posts meio amargos, só que eles não estão condizendo com a realidade da minha condição psicológica, que vem a ser: extremamente sossegada.

01 pouco complexo até pra mim mesma.

Tipo outro dia que eu tive que ouvir críticas e ficar quieta. Num dia normal, eu teria ido pra casa chorar por 4 horas. Eu até fui pra casa, mas cheguei lá e fiz um ~trabalho mental~ de mudar o pensamento cada vez que o desespero de repassar o momento na cabeça vinha. Cê veje, não é que eu tentava evitar o pensamento, porque isso deixa a gente mais neuvosor ainda e o descontrole toma conta. O pensamento vinha e eu trocava ele por qualquer outro que fosse, tipo a lógica usada por esse maravilhoso site. Nunca fiz tanto sudoku na vida (e ó que eu faço sudoku pacaramba em dias normais). Assistia seriado, lavava louça, cozinhava. Se não vai dar pra estudar porque a mente tá em modo obsessão, eu que não vou perder esse tempo, não é mesmo, minha gente?

Aí eu abria aqui o editor de texto e tudo o que eu tenho pra escrever é sobre bad vibes e acontecimentos ruins que desestabilizam essa maravilhosa calma que estou sentindo dentro do meu coração por alguma razão que desconhecemos. Achei melhor deixe.

E tem uma coisa: cêis lembram uns posts aí pra trás quando eu falei de aulas que obrigam a gente a fazer plano de vida, ler sobre metafísica, física quântica, esses troço? Então, eu tô lendo bem lentamente dois livros - num adianta pedir nome ainda porque eu só vou falar depois que o post sobre isso estiver escrito, segurem suas marimba - e um deles diz que você é as vibe que você emana, de modos que eu tentei aí fazer um teste de amor próprio, de me tratar bem e evitar pensamentos auto depreciativos e vai ver até é isso, né?

O interessante é que quando você é obrigado a gostar de você mesmo até em pensamento, parece que acontece toda uma revolução externa e as pessoas passam a... TE ~PAQUERAR~. A gente usa essa palavra em 2016 ainda? Como expressar pessoas seduzentes em vários graus para com a sua pessoa nos dias de hoje? Vou usar essa memo.

Tipo, algumas pessoas sabem que eu estou em situação de crush faz um tempo, mas o que as pessoas não sabem é que eu tenho um corazón de mãe e tenho mais 38 crushes. HEH. Se ninguém put a ring on it, eu posso namorar na minha mente QUANTAS PEÇOA EU ACHAR CONVENIENTE, ninguém pode me impedir e só dels pode me julgar.

Semana passada teve um dia difícil em que eles tudo resolveram aparecer e vários desdobramentos aconteceram. 

Por exemplo: tem o moço que eu tenho certeza que se reprime pela minha forma física. Não julgo (não julguem também, a vida é assim), ele é da ~área fitness~ e eu imagino o conflito na mente. O engraçado é que ele SEMPRE me chama de vaneçinha (ouimmmm) e, quando eu vou falar com ele, ele dá um jeito de encostar na minha pessoa e ficar com a mãozínea ali até eu sair de perto. No dia em questã ele segurou minha mão e nunca mais soltou, enquanto eu falava o que tinha pra falar. Mas sabe quando a pessoa se-gu-ra sua mão e vai se aproximando da sua própria pessoa e você fica toda CALMA CARA NÃO VAMOS NOS PRECIPITAR e praticamente sai correndo quando acaba o assunto? Achei que ele ia recobrar os sentidos e ser um pouco rude, naquele jogo do aproxima-afasta que a revista capricho ensinou pra todos nós. Mas ontem, quando foi falar comigo e eu estava num lugar pequeno e de costas pra porta, ele entrou e segurou meu braço de um jeito, MEUZAMIGO, eu quase desmaiei antes de ver quem era. "Vanessinha, eu não esqueci de fazer o que você me pediu, é que não deu tempo ainda, tá?". E eu encurralada no fundinho da sala, pensando apenas ME AJUDA DELS. A pessoa olhando no fundo dos meus olho e tudo. Segurando meu braço OZADAMENTE.

- mas, fia, por que você não faz nada???

1 - ele não é o crush number one.
2 - ele tem namorada agora, porque homem é assim tudo meio defeituoso mesmo.

- mas será então que ele não trata outras meninas assim?

Olha, eu nunca vi. Vejo ele interagindo com bastante gente, sempre muito simpático, porém sem as mãozinha. Ontem quando ele veio falar com a minha pessoa numa distância insegura novamente, eu vi uma menina que meique se atira pros lados dele olhando com odinho na minha direção, o que confirma que eu num tô vendo coisas não.


*****

Aí tinha um cara na academia bastante não bonito que usava uma camiseta com os dizeres "fuck lab safety, I want superpowers" e eu achava muito ~atraente~. Não o cara em si, mas o cara com essa camiseta e seus músculos de camarão bem desenhados por sob a roupa. Olhar não ofende, então eu olhava memo. Um dia eu tava trabalhando bem contente, adentra um cerumano pela porta e era quem? Ele mesmo, em toda sua feiura. Aqueles 5 segundos de constrangimento de ambas as duas partes, ele resolveu o que tinha que resolver e não falou nem adeus quando foi embora. Dois dias depois ele tava o que? Isso mesmo, puxando conversa na academia. 

Nos primeiros dias eu pensei "magiiina, tá só sendo educado, descobriu que é colega e tal". Mas depois do décimo primeiro assunto irrelevante sobre o qual ele veio falar, eu acabei acreditando que era uma sedução bem precária aquilo que tava rolando. Chance de miapashonar? Zero. Mas no caso assim de crise no governo, vacas magras, suspensão de benefícios ao cidadão, não vou negar que dava pra tacar uma bandeira na cara e aomenagiar o país, sabe? [/pedreira]

Só que recentemente eu acho que deram conselhos capricho pra esse rapaz, porque ele começou a me ignorar. TIPO AÇIM: se você mal me conhece, eu só lembro seu nome porque ele é desgraçadamente horrível, te vejo pouco e a conversa não rende, migo, ignorar não é a melhor estratégia. Tá certo que comigo ignorar nunca é uma boa estratégia (com alguém é?), mas tá na hora errada, compreende? E aquele esforço de passar na sua frente, pra você ver que tá sendo ignorada, dá 01 pouco de tristeza isso. Eu comentei com uma amiga e a gente agora ri muito com o esforço que ele faz pra me tratar mal, porém continuar me seguindo por aí. Engraçado foi o dia em que eu tava falando com o rapaz anterior lá de cima e eles estavam um do lado do outro (curto muito quando personagens de núcleos diferentes da minha vida colidem) e ele achou que era na direção dele que eu tava indo e fez uma cara muito chatiada quando não era. Ontem ele também voltou a me cumprimentar com educação, acho que deu a contagem de dias de ignoramento, vamos aguardar.

*****

Tem também o rapaz que fazia muita questão de parecer disputadíssimo pelas molieres mais velhas. Eu tava JURANDO que ele queria me dizer que eu não tinha nem chance, que ele curtia senhouras na faixa dos 40+. Pois esses dias ele veio me dizer que nasceu em 1990, então a véia, no caso, era EU. Desmontou a empáfia que estava carregando por meses, falou comigo de forma educada e simpática e eu quase considerei moverlho posições acima na lista de gente que eu pegaria se tivesse tempo, de tão boas as vibe que a conversa teve. Porque assim, o assunto que ele tinha pra tratar com a minha pessoa era coisa de 5 minutinhos. Ficou 50.

*****

E tem o moço que eu chamarei de happ'n, pelo simples fato de que não sei o nome dele e cogito instalar esse aplicativo no meu celular cada vez que eu vejo-lho. Olha a situação: o indivíduo almoça no mesmo shopping que eu há uns 3 anos. Eu acho ele lindo e, se ele estiver lá, meu olho será atraído na direção dele. Nem eu vou lá todo dia, nem ele, de modos que a gente se vê umas duas ou três vezes por semana. Eu já tentei ler o crachá que ele usava, já tentei escutar o nome quando ele fala com os amigos, já tentei de um tudo pra tentar descobrir alguma informação que possa ajudar com um início de contato civilizado. Não é triste que a gente veja a pessoa com certa frequência por ANOS e não possa ir lá falar "oi, tudo bem? meu nome é vaneça e eu queria saber se você quer tomar um café"? Eu acho. 

Mas eu levava bem até esse ~relacionamento~, até semana passada. Sentei na única mesa disponível e só depois reparei que ele estava na mesa ao lado. Em vez de continuar conversando com seu amiguinho normalmente, ele virou o corpo todo na minha direção. Tronco, braços, pernas e pés. De acordo com as leis da linguagem corporal e não verbal, ele estava muito interessadíssimo na minha pessoa. Além disso, ele passou a falar mais alto e olhar pra mim enquanto contava a história. SE ISSO NÃO É AMOR, NÃO SEI MAIS O QUE É. Confesso que fiquei meio biruta com esse ocorrido e chegou bem perto de eu ir me apresentar, mas eu sou eu, né? Agora as pessoas querem ficar almoçando comigo pra ver se o bofe é bonito mesmo (até agora, 100% de aprovação) e criar estratégias de aproximação. Tudo muito adulto.

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Fora isso, nas últimas semanas os ~rapazes~ têm todos sido muito educados para com a minha pessoa. Sabe gente que é conhecida pela grosseria? Me tratando com extrema educação e boa vontade. De chamar a atenção das pessoas tipo "ué, mas por que ele foi legal com você se é um cavalo com todo mundo?". E eu sinceramente não sei a resposta, porque esses eu tenho bastante convicção de que não estão me dando mole. Que, inclusive, é uma coisa que eu sempre duvido que esteja acontecendo, alguém me dando mole. De modos que quando eu vos conto as histórias dos moço tudo deste post, reflitam o quanto eles foram insistentes antes desses momentos pra que eu chegasse e pensasse "olha, acho que tá rolando uma cedussaum, hein?"

Mas aí você pergunta: UÉÉÉÉ, CÊ NÃO TAVA AMANO O BOY MAGIA LÁ...

E eu te interrompo falando SHIIIU, porque cêis tão ligado curva exponencial? 





Essa é a representação cartesiana do meu relacionamento com o boy. Começamo ali do negativo no eixo x e zero no eixo y. Sendo y a convivência barra amizade e x o relacionamento amoroso, cê pode ver que lentamente a convivência e amizade foram aumentando, numa longa curva negativa de relacionamento (ou relacionamento imaginário, se for pra usar o termo técnico correto). Até semana passada eu diria que a gente tava ali no ponto das coordenadas (-1; 0,5), ousseje, 01 amizade quase sincera e platonismo total. SÓ QUE a magya dessa curva é que ela tá indo ali suave, devagar, crescendo numa certa velocidade confortável e tal, até que se dá UM NEGÓCIO BEM LOUCO E A CURVA EXPLODE E DEIXA AS COISA BEM LOCA DE UM MINUTO PRO OUTRO.

Estamos nesse ponto agora. 

Passando do negativo pro positivo no eixo x.

CÊIS TÃO ENTENDENDO A GRAVIDADE DESSE MOMENTO?

Eu não tenho mais experiência com esse tipo de coisa, gente. Cheguei a ter aquele momentinho de sentar solitária e balançar o corpinho pra frente e pra trás, perguntando o que tá conte seno com a minha vida, porque eu tô bem vendo o jogo virar mesmo, sem saber como proceder. Vai ver é até por isso que eu tô disparando na loucura do crush alternativo, que é o pavor de

a) ceder a essa pashaum, caso se concretize
b) quebrar a cara se eu descobrir que tava viajando super

Pudesse eu contar os ocorridos das últimas horas, eu muito pediria a opinião se vocês acham que é namoro ou amizade, silviommmm. Mas quando você acha que é questã de dias até a pessoa encontrar suas rede social tudo e ler sobre si mesma, tem que restar um pouco de mistério (HAHAHAHAHAHHA) e uma certa possibilidade de dúvidas (será se é de mim que ela tá falando?). 

Semana que vem tem feriado & outros compromissos, a gente provavelmente não vai estar estando se vendo, o que é uma experiência de schrodinger, né? Pode servir tanto pra começar junho tudo de novo do zero ou, quem sabe, a gente estar mudando o status de relacionamento da rede social chamada vida em breve.

Vocês que tão curtindo a novela é só aguardar, enquanto eu repito o mantra: SIACALMA, VANEÇA.






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UPDATE: instalei o happ'n.
Fui almoçar na esperança de encontrar o moço sem nome. Tava lá rolando as fotos, aparece um rapaz que eu sempre vejo pela vizinhança e acho muito bonito. Dei coração. Deu match instantâneo. ACUDÃO.

não vamos falar de comida?

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Oi, gente, cêis tão aí ainda?
2017 será um ano melhor, tenho certeza.

AAAAANYWAY, xô falar uma coisa aqui rapidinho:



Será se essa afirmação vem como um choque?
Ninguém se importa com o que raios você come ou deixa de comer.

A não ser que você não coma carne, aí a sociedade inteira acha que pode dar opinião na sua nutrição ou reclamar que você dá trabalho na hora de escolher restaurante, mas estou me adiantando.

Gente, sério. Assim como o sabonete que você escolhe pra lavar sua cara, o lençol que você usa pra cobrir sua cama, o supermercado onde você prefere fazer compra dizem respeito exclusivamente a você, assim também deve ser com o que você escolhe enfiar boca adentro.

Obviamente, como tudo na vida, é uma relação de causa e consequência. Você quer comer bobagem todo dia, isso terá um resultado específico na sua saúde (não necessariamente na sua imagem, veja só). Você almoça em restaurante e janta no delivery todo dia? Problema absolutamente seu. Você acha conveniente comer miojo, lasanha congelada, comida de micro-ondas, meu, cê faz o que você quiser, sabe? Desde que eu não tenha que escutar como você vive gripado (não vive), não faz cocô bonito e a vida é ruim no geral, eu nem ligo.

Da mesma forma que se você tiver algum problema na mente e resolver seguir uma dieta de homens das cavernas (eu não acho que conta se a caça vem fatiada na bandeja de isopor, os homens das cavernas não produziam esse lixo todo e TENHO PRA MIM que não tinha conservante e lâminas afiadas de precisão envolvidas no processo) sem VIVER como um homem das cavernas, desqualificando toda a experiência, eu também não vou estar interessada. Também não me importo se você só come o que a vegetação provê, se você só come coisa crua porque fogo é crime, se você não come proteína animal de nenhuma origem.

EU. NÃO. LIGO.

A não ser que você venha falar comigo estilo testemunha de jeová tem-cinco-minutinho-pra-ouvir-a-palavra-de-pierre-dukan. Aí eu vou te mandar pro raio que o parta.

Ou que cê dificulte minha vida quando eu quero comer uma pizza. Pizza é um evento raro na minha vida, quando eu tô com vontade de comer pizza eu quero pizza, não quero um "ah, mas não dá pra gente ir na churrascaria que tem coisa que todo mundo come???" porque eu não quero me relacionar com carnes em espeto nem comer arroz over cozido que você acha aceitável porque tá enchendo o rabo de carne. EU QUERO COMER PIZZA E VOU COMER PIZZA, porque eu sou uma mulher moderna que se alimenta de acordo com a época em que vive. 

(Favor não aproveitar esse momento pra correr pros comentários pra me dizer a razão de sua forma de alimentação ser a melhor do mundo mundial porque eu não perguntei.)

Mas, vaneça, por que você odeia tanto dieta????

FÁRIAS RAZÃO.

Quando você externaliza sua dieta sem necessidade, você dá às pessoas uma espécie de autorização pra falar do seu corpo. "Miga, magina, cê não precisa de dieta, cê tá linda". Ou "ai, que corajosa, força e você vai ver como tudo vai ficar melhor!". O ~tudo~ que vai ficar melhor é seu corpo, caso fique magro. A gente briga tanto pra parar o inferno do julgamento do corpo gordo, você PROPAGAR dieta perdura essa desgraça. Você fazer a dieta e tentar alcançar uma figura que te faça mais feliz eu acho é ótimo. Mas cada menina falando do dia a dia da dieta, dos quilos perdidos, de como ela venceu ao não comer uma coxinha, derrota em poucas frases a amiga que tá lá felizona sendo rechonchuda e comendo o que tem vontade. Só que você tira o DIREITO da amiga rechonchuda de ser feliz. "Se até fulana que era super pró gorda tá se acabando na paleo, daqui a pouco eu não tenho mais minhas sister aqui pra mostrar pro mundo que gordo é só uma forma e etc". Sabe?

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Eu tenho uma amiga que era não-magra. O que eu quero dizer com isso? Ela era aquele tipo de pessoa que não é composta de ossos aparentes e músculos. Tinha peitão, uma cintura menos fina, bumbum grande, perna grossa, rosto redondo. Mas tava longe, mas beeeeem longe, de ser gorda.

Essa menina tinha uma vibe meio própria e rolava um alto consumo de doce colorido, incluindo o pavoroso algodão doce. Tava feliz? Tava. Nunca vi ninguém enchendo o saco, a gente só julga um pouco mesmo é a capacidade de um cerumaninho de comer isso aí, mas segue em frente. Pois um dia essa menina escreveu um puta dum textão no facebook que parecia uma ode a um donut. Eu tava pronta pra dar uma gargalhada no final, quando ela finalizou maizomenos assim: "e aquele donut lindo e colorido estava na mão de uma gorda desleixada e foi nesse momento que eu percebi o quanto é horrível quando a gente se deixa levar pelo açúcar e blábláblábláblábláblá obrigada gorda desleixada por me mostrar o real sentido da vida".

Fiquei: perplecta :O

Miga do céu, como assim, cara???? Você viu uma pessoa na rua cuja história desconhece completamente e resolve dar esse close errado assim? Daí pra frente foi um festival de foto de academia, projeto verão, vida saudável, fat shaming e um desfazimento completo de amizade, porque eu não tenho estrutura.

Que eu fico feliz por a pessoa ter compreendido que açúcar não é o único alimento disponível na face da terra, eu fico. Que ela teria uma vida muito melhor só pelo fim da ingestão de algodão doce a gente sabe, mas o monstro que ela se tornou afastou as pessoas todas, porque a vida não é assim, kirida.

Parece que cada criatura que descobre o balanceamento alimentar vira um convertido religioso e sua missão na terra é importunar o cidadão de bem que ou sempre soube ou não tá interessado.

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Mais uma razão pra eu odiar dieta? Restrição alimentar. Só quem tem sabe a DESGRAÇA que é ser privado de comer por obrigação. E digo mais: tem quem não come porque não tem dinheiro pra comprar comida - acontece bem mais do que você pode imaginar.

Cê vê: teve uma fase na minha vida que o dinheiro era escasso mesmo. Em casa tinha meia dúzia de coisas: arroz, feijão, salsicha, ovo, leite, pão. E basicamente era isso aí. Agora eu imagino as linda vindo falar em dieta pra quem ingere 6 itens diferentes numa base de 6 dias da semana (e eu sou gravemente alérgica a salsicha, num é jóia? Essa eu sabia desde criança). 

Bom, deixando a pobreza de lado, eu já era alérgica e ainda não sabia. O meu tipo de alergia é aquele de saturação, em que a pessoa fica exposta ao que lhe faz mal, mas não descobre até que o sistema imunológico chegue num ponto que não consiga mais agir naturalmente quando a exposição acontece. Quando eu tinha uns 15 anos começaram a surgir os primeiros sintomas, juntamente com a fase em que eu sentia uma fome sem fim - a famigerada idade do buraco no estômago - e o que eu ingeria? Leite. Quanto? Quatro canecas diárias. Eu vivia no hospital, desmaiava na escola e tinha o que minha mãe chamava carinhosamente de "gripe eterna". Levou 4 anos até alguém dizer que aquilo era uma LONGA crise alérgica. 

Felizmente a gente descobriu isso numa época de vacas esbeltas porém não tão magras, porque deu pra ir substituindo gradativamente a alimentação. Mas, por exemplo, agora que sou rica, tinha ali na mesa da cozinha um camembert francês e eu fui comer bem bonita e tô agora aqui entupida até o olho, PORQUE NÃO PODE. Então cê não me venha dizer que eu não posso comer batata ou pão integral, porque eu já escuto um NÃO PODE interior uma base de 53 vezes por dia.

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Uns 4 anos atrás eu estava me sentindo muito mal. TUDO estava ruim. Minha alergologista me deu um remédio sem me explicar o que era - e eu não lia mais a bula, por que senão desenvolvia TODOS os efeitos colaterais. Ela me prescreveu corticoide aspirável, mesmo que eu tenha pedido um tratamento livre de cortisol. Tomei por 6 meses, sem saber o que era e... bom, fui parar no hospital. De lá, fui encaminhada para um endocrinologista, porque eu estava com vários órgãos viscerais debilitados pelo abuso de cortisol além da intoxicação devida ao acúmulo de 10 anos de remédios. Foi um arraso.

A dieta que eu tive que fazer pra recuperar a saúde visceral foi DELICIOSA. Eu não podia comer nada que quebrasse em açúcar. NADA. De modos que eu não podia comer nem mesmo cenoura e a maioria dos vegetais carnudinhos. Poderia comer alguns laticínios, mas não podia por causa da alergia. Poderia comer algumas carnes (carne nem morta), mas não muita, porque eu tenho um rim só (pra vocês que não falam francês, dietas à base de proteína sobrecarregam até quem tem dois rins, são assassinas pra quem não tem). OUSSEJE: passei quase um ano vivendo de luz, alface, aipo e tomate, pra dar uma cor. 

GENTE, FOI ÓTIMO! Tipo, tem amigos que eu perdi nessa época que nunca recuperei. As pessoas não conseguiam compreender que eu ia MORRER se comesse os alimentos proibidos e me ligavam pra perguntar se eu não podia deixar de radicalismo e ir na pizzaria um dia só. Ou me chamavam pra comer em suas casas, prometendo seguir as instruções que eu mandava e... TACAVAM CREME DE LEITE E BACON NA MINHA COMIDA.

Eu perdi a conta de quanto eu chorei em casa e na casa alheia. Eu não fazia mais refeições acompanhada. Nenhuma, em nenhuma hipótese. Eu vomitei a alma um dia que tive que comer na rua e colocaram maisena num creme de brócolis, sendo que eu perguntei os ingredientes todos antes de comprar o prato. Uma vez, uma pessoa do meu convívio me seguiu até o restaurante sem que eu tivesse convidado. Sentou na minha mesa. Enquanto eu comia, olhou pro meu prato e falou "deve ser horrível ter que se contentar com essa comida, né?".

Era sim, HORRÍVEL.

Nunca vou esquecer a primeira vez que eu pude comer batata novamente depois dessa desgraça. E diante daquele prato de batata cozida eu jurei por mim mesma, por deus, por meus pais: nunca mais faria dieta, a não ser em caso de vida ou morte. E talvez nem assim.

Deve ser essa a principal razão de eu ter ÓDIO de quem faz dieta restritiva. Vai restringir o olho do seu cu :)

Como eu falei lá em cima, pessoas monorrim também meique saem de fábrica com algumas restrições. Eu faço drama quando se trata de feijão, mas é ótimo que eu não goste de feijão, porque eu não poderia comer com muita frequência. E tem uma coisa, uma coisinha só, que eu não posso comer em nenhuma hipótese pois morte instantânea. Eu não vou dizer que coisa é essa, porque todo mundo que descobre vira imbecil e começa a me mandar fotos ou levar na minha presença ou tenta me fazer comer sem que eu perceba (!!!!), então eu não digo mais o que é. Mas eu AMAVA essa coisa. Amava tanto que, no dia que descobriram que eu tinha um rim à beira da morte, eu comi OITO dessa coisa. Diz a lenda que foi a minha sorte, porque foi só porque a coisa induziu um grande piripaque, que me levou ao hospital, que salvou minha vida. Então assim, quando uma das suas coisas favoritas é banida da sua vida para todo o sempre, você aprende que não vai tirar alimentos da sua dieta voluntariamente, porque você não é obrigada.

(Se alguém souber e colocar o nominho nos comentários, verá seu comentariozinho SUMIIIIR.)

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Tipo.

Se alguém me fala que tá comendo menos pra tentar emagrecer, que tá comendo menos pão, que tá se exercitando mais, que tá focando em batata doce e ovo cozido, cara, eu acho super válido. Se você for comer na minha casa eu vou fazer uma comidinha dentro das suas expectativas e não vou ficar chateada se você comer pouco, não vou tentar te convencer a comer porcaria, não vou te oferecer comida, especialmente aquela que você gosta, mas te faz mal. Mas se você vier me dizer que está substituindo uma refeição por shake de sódio, que só come carne e folha, que só come as frutas que já caíram da árvore, por vontade própria, meu amigo, PROBLEMA SEU.

Esse tipo de coisa me ofende pessoalmente, sabe? Eu sei que é problema mental, mas é meu e eu tô bem satisfeita com ele, então não tenho interesse em mudar. 

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Cêis leram o clássico da literatura que atende por ~50 tons de cinza~? Christian Grey fica bastante revoltado quando a pessoa lá pula refeições ou deixa comida no prato e eu sou muito igual a ele nesse aspecto. Tô na paz do meu lar e alguém fala que não vai almoçar porque tá chiliquento ou porque comeu demais no café da manhã, ou que não vai jantar porque comeu demais no almoço, meu, é pra me ver tendo um piti de proporções homéricas. EU SOU A LOUCA DAS COMIDA, COMPREENDEU?

Se organizar direitinho, todo mundo come 6 refeições saudáveis diárias.


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Eu tinha vários links de profissionais da área da alimentação explicando a razão de dietas restritivas não funcionarem, mas cadê, né? Não sei. mas fica aqui um tantinho de dica neste post, pra quem precisa da coisa do desenhado. Num mundo que te diz "nossa, que bonita" quando você emagrece, mesmo que seja porque uma doença está te definhando, faz um favorzinho pra nós e guarda sua dietinha eas decisões sobre seu corpinho pra você, miga.

Brigada, de coração.






*EDIT (antes de responder comentários):
Primeiramente fora Temer, a intenção desse post não era ofender ninguém. Era dizer que mesmo que você descubra uma dieta (as in forma de alimentação) que foi maravilhosa pra você, ela funciona exclusivamente pra você. Talvez não funcionasse nem pra sua irmã gêmea, que dirá pra coleguinha. Você é uma pessoa única, com hábitos exclusivos. Ninguém se move, vive e dorme como você. Eu, por exemplo, tomo todo santo dia uma colher de mel ao acordar. Qué dizê: é meio litro de água, mel, café da manhã. TODO DIA. Agora pensa se eu falo pra uma pessoa que não sabe ainda que é diabética que uma colher de mel de manhã é milagrosa! Não é. É pra mim, pra minha condição de vida. Uma colher diária de mel me economiza mais ou menos SEIS MESES de antialérgico diário. Isso quer dizer que fará o mesmo por outros alérgicos? NÃO. De modos que eu não virei a catequista do mel.

Inclusive, quando eu vou a um médico que quer me emagrecer (todos eles, mesmo que eu vá no oculista) e ele tira da gaveta uma dieta impressa, eu sorrio, aceno e vou embora. Nada que seja generalizado vai me servir. Quando eu fiquei doente e não pude comer açúcar, ninguém se lembrou de perguntar se eu praticava exercícios. Porque gorda, né? Gorda é sedentária. Só que eu sempre fui da maromba e, naquele tempo, fazia pilates, musculação, ioga e dança. Claro que eu desmaiei na academia com uma certa frequência e a dieta teve que ser reajustada pra que eu não morresse. Então é isso que eu digo: VOCÊ É ÚNICO. O que funciona pra você não funciona necessariamente pro amiguinho. Faz a tua e deixa cada um fazer o seu.

E, finalmente, forma física NÃO É MÉRITO. 

Bgos mil.

don't know how to life

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motivaçonal

Eu estudava em uma escola técnica, que não era mais. Assim, praticamente tudo se manteve, menos o ~título~ de técnico em sei lá o que. As aulas estavam lá, inclusive compartilhadas com os coleguinhas da engenharia civil, mas a gente só terminava o segundo grau memo. Ousseje, muito trabalho pra pouco resultado, se você quer saber minha opinião. 

Ah, sim, as aulas eram compartilhadas porque a gente ficava DENTRO do campus da faculdade. Então tinha uma infinidade de salas para as engenharias tudo, um pequeno prédio pro segundo grau e um cercadinho pra primeira à oitava série. De modos que, talvez vocês tenham concluído, as quiança grande e os jovens adultos dividiam espaço físico sem portões ou fiscalização. Isso memo: a escola era toda aberta, cê podia inclusive ir embora se quisesse, não tinha ninguém interessado. Eu acho é ótimo quando você coloca esse tipo de responsabilidade na pessoa. Inclusive tava todo mundo sempre na aula. 

O importante é que era uma escolabarrafaculdade rica, moderna e tecnológica, de modos que mesmo nos primórdios dos anos 90, já contava com um PRÉDIO de informática, cheio de computadores. Mais computadores que gente interessada em usarlhos. Pequenos nerds sem vida, como eu, ganharam muitos dinheiros digitando trabalhos alheios após aprender o uso do WORDSTAR, nos tempos do monitor verde, disquete gigante e inexistência de mouse. Eu vivia enfiada lá. Mas a coisa mais maravilhosa dentro daquele campus era: o facebook rudimentar.

Na biblioteca, além daqueles arquivos de metal imensos, com papeizinhos contendo os números dos livros, existia um computador. Era um pesadelo, porque quase ninguém sabia usar, mas a forma oficial de consultar livros era pelo bendito computador. MODERNÍSSIMO. Como as pessoas burraldas preferiam continuar usando os arquivos com papel, o computador ficava ali, livre, pra gente ser abestado à vontade.

Pois um gênio incompreendido colocou lá o que? Um programa que era tipo um mural. Você se logava com seu número de matrícula e tinha uma timeline pública identificada; uma timeline pública anônima e sua timeline particular, com mensagens identificadas e anônimas. Era MARAVILHOUSER. Na pública sempre tinha alguém procurando aula particular, calculadora barata, anunciando festa, gente se ofendendo, mandando indireta essas coisas normais de rede social. A timeline anônima era sensacional, a gente se declarava pros crush tudo e depois ainda mandava mensagem privada anônima dando pista de quem a gente era. Bem adulto.

No começo, quase ninguém se aventurava no computador (só tinha aquele memo, 01 único computador, pras engenharia tudo e pra escola). Depois de um tempo, tinha uma fila desgraçada a cada intervalo. Eu e uma amiga ficávamos anotando os horários em que as pessoas usavam, pra ver se a gente identificava mensagens anônimas, porque a gente era assim bem ocupada no dia-a-dia. No fim, a gente ia lá em horários super bizarros pra poder se declarar pros boy em paz.

A desvantagem: o rapaz que eu amava estava na oitava série, ousseje: preso no cercadinho e sem autorização pra usar a rede social rudimentar. Eu inventava crush pras miga não me deixar de fora das conversas, porém eu só ia lá corrigir o português alheio mesmo (faço isso há 20 anos, ó que glória?).

**********

Eu nunca tive problemas em deixar claras minhas intenções ~amorosas~ com relação aos meninos do sexo oposto, DESDE QUE eu não estivesse sentimentalmente envolvida. Nessa época, tinha o menino que eu queria beijar muito e deixei isso bem claro pra ele desde o dia que nos conhecemos. Mas pro menino da oitava série que eu queria namorar, casar e ter 38 filhos, eu nunca falei nada. Quer dizer: eu vivia dipindurada nele, até uma revista de signo eu comprei, só porque dizia que os nossos combinavam, mostrei pra ele como 01 grande piada, rimos muito, não beijei.

Um dia eu estabeleci que era a última chance. Passamos o dia juntos, demos risada, aqueles cutuco amoroso próprios da idade... e nada. Na hora de dizer tchau, nem beijinho na bochecha ele deu. Estávamos do lado de uma das quadras do campus, onde meninos da faculdade se preparavam pra começar uma partida de futebol. Um dos caras, que estava procurando um lugar pra deixar a mochila, era daqueles que a gente sabe que é só dar abertura que ele vem, sabe? Pois eu fiquei tão brava de não ter beijado um que fui lá bem pirigueteante na direção do outro. E foi isso memo, eu beijei o aleatório só de raiva do amorzinho.

VINTE ANOS DEPOIS, tarra eu e o ex-amorzinho conversando sobre a vida e veio o assunto do dia fatídico. Falei que foi minha primeira frustração amorosa da vida, de acreditar que o negócio era recíproco e não era.

- mas era!

Senti meu corazón despencando de um metro e meio de altura quando ele falou isso. COMO ASSIM, KIRIDO?

Disse ele que tava super na mesma vibe amorosa, mas eu não dei nenhuma indicação de que tava interessada (?!) e ele não quis correr o risco de levar um fora. E completou: por que eu que tinha que tomar a inciativa? Porque eu sou homem?

Olha. Não.

A reposta pra essa pergunta é: porque a outra pessoa era eu.

Inclusive fica aqui o alerta: se eu tomar iniciativa para com a sua pessoa, é porque eu não estou emocionalmente investida.

Eu ouço as pessoas falando "o não você já tem", como se um não fosse a pior coisa que pode acontecer com uma pessoa. 

O "não" que a gente já tem é apenas uma hipótese. É um não bem confortável, que vem sempre acompanhado do "e se". O não que a gente não ouviu, olha só que coisa incrível: NÃO É UM NÃO. Enquanto você não ~pergunta~, nada é definitivo. A pessoa está com você? Não tá. Masss, também não quer dizer que não pudesse vir a estar. Às vezes quer dizer que você não tem chance, a gente até sabe disso, mas é muito mais suave dizer pra si mesmo que ainda não, agora não, talvez não, mas talvez sim, ué.




Eu não sei se culpo algum problema psicológico, se culpo o signo, as estrelas, o patriarcado... Mas eu não tenho estrutura emocional pra escutar um não. Eu sempre vou achar que é porque eu sou a pessoa mais feia, chata, burra e sem graça do planeta. Se o cara é só um cara, ok, eu sobrevivo. Mas se é alguém de quem eu realmente gosto, a minha praticamente inexistente autoestima sofre um golpe irreversível.

*****

Mas nada tão sensível quanto a frágil masculinidade.

Uma vez eu me interessei por um rapaz uns dois anos mais novo que eu. Na época, eu estava concluindo minha especialização, trabalhando como gerente de produção e vivendo como adulta, infelizmente. O infeliz, além de ter nascido dois anos depois, não se deu ao trabalho de concluir o ensino médio e trabalhava como operador de máquina e morava numa pocilga (sempre quis usar essa palavra?) com outros 3 bocós iguais a ele. Agora cê me pergunta: o que eu vi nesse cara? Jamais saberei responder. Eu olho pra trás e é só choque, acho que gases tóxicos na fábrica (+trabalhar 10 horas por dia, estudar + outras 4 + tempos de deslocamento = pouco sono) tiveram alguma influência nesse movimento.

O caso é que eu contei pra alguém na faculdade e me disseram que JAMAIS o menino tomaria a iniciativa. Ser mais velha, ganhar mais, ter maior nível escolar, morar num lugar melhor... se você tiver apenas um desses defeitos, pode até ser possível. Mas todos, combinados? De jeito nenhum. Talvez seja 01 sabedoria da natureza, porque realmente não tem condição de o amor render nessa adversidade toda, mas eu fui lá e beijei primeiro, porque eu sou muito corajosíssima. Enquanto isso, um outro moço da minha idade, com muito mais potencial e por quem eu tinha um certo pavor de me apaixonar ficou de lado.

Nunca mais vi.

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O que uma coisa tem a ver com a outra?

Calma, xô fazer um parêntese antes.

Eu tenho um amigo que insiste que mulher só se interessa por homens com carro e estabilidade financeira e eu sempre soube que ele estava errado. Só não mando mensagem pra contar pessoalmente minha atual situação, porque ele delira o suficiente pra achar uma ~desculpa~, mas vamos aos fatos:

- o crush não tem carro. 

E digo mais: não tem carteira de motorista também. Idade pra dirigir, tem. Tem sobrando, inclusive. Mas não dirige.

- o crush não ter curso superior.

Porque ele está JUSTAMENTE fazendo faculdade, o que é completamente compatível com a sua idade. O que quer dizer que

- o crush não tem emprego formal.

Tem estágio, trabalha, é 01 rapaz responsável e ganhador dos próprios dinheiros, que mal dão conta de cobrir o mês e é um tal de "liguei pra minha mãe pra pedir dinheiro" que é sensacional.

- o crush não tem senso estético.

A pessoa nasce linda e aí zoa o cabelo, zoa as roupas, não tem compromisso com a imagem exterior, num geral. É uma pena, mas o bom é que sempre tem a c&a pra gente mudar essa realidade em caso de necessidade.

O que ele tem, então?

Na minha opinião, coisas importantíssimas:

- senso de humor.

Outro dia eu vi alguém falando na rede social feice que é muito difícil achar os boy que entende os meme. Ele entende. Cêis precisa ver que coisa mais bonitinha é nossas conversa no uátis. Tá certo que ele perdeu o maravilhouser meme da petulância do cavalo, mas ele está 100% fluente em vaneçês, então é um plus a mais. A gente ri muito junto, do tipo que já chegamos à conclusão de que ficamos 01 pouco mais abobados quando estamos na presença um do outro e pessoas externas já disseram que querem separar a gente, porque a gente.só.ri. 

- sabe cozinhar.

Eu já escrevi isso antes, mas vou repetir: não consigo compreender que um cerumano, dotado de necessidades alimentares, NÃO SAIBA COZINHAR. Assim, não saber fazer pratos rebuscados eu compreendo. Mas não saber tacar alho, arroz e água numa panela e seguir meia dúzia de instruções é demais pra mim. Medo de panela de pressão é uma coisa que eu não consigo nem compreender. Você precisa comer pra viver, vai ficar vivendo de delivery e pão de forma com queijo? Acho indigno. De modos que uma característica muito importante em uma pessoa, pra mim, é saber cozinhar gostosas comidas. A gente inclusive troca receita, é 01 mundo ideal.

- 01 vozinha suave e um bonito sorriso.

A voz, gente. Ele pode ficar tagarelando por horas que eu fico bem sossegada da minha vida, porque a voz, afffe. E quando ele sorri, mddc, ele fica bonito demais. E o cílio, gente? Quando ele fala comigo meio envergonhadinho e olha pra baixo e a gente vê aquele cílio louro sueco de 8 centímetros em toda sua glória, eu só rezo pra jesus me segurar e eu não cometer um desvario. 

- 01 personalidade interessante

Lembrando sempre o DEGRAU etário entre nós e algumas diferenças básicas de interesse relacionadas a isso, além das diferenças usuais entre dois cerumanos (e algumas músicas muito bosta que ele ouve), a gente consegue manter um nível de interessância comum bastante elevado. 

E fora isso, o que mais importa, não é?

ENTÃO QUAL É O PROBLEMA, CÊIS ME PERGUNTA.

O problema é que me vejo diante da situação recorrente aí de cima: se eu não der o primeiro passinho, ficarei sem.

Qué dizê, é o que parece se configurar. Não que se eu der o primeiro passinho a coisa vá andar, tem horas que eu acho que vai, tem horas que eu tenho certeza de que não vai não. Mas acho que a única coisa certa é que ou eu tento ou eu fico sem. No caso, então, eu vou estar ficando sem.

De acordo com consultores experientes (não), parece que nesse desbalanço que está favorável pro meu lado, por causa de condição ~adulta~ de vida, mas eu acredito justamente é no contrário, gente. Mulher & velha (ainda que apenas por referencial, se a gente estiver bonzinho hoje), eu tô é em franca desvantagem.

E é isso. 01 pena pensar que a pessoa tá ali ao alcance da mão, mas vai ficar por isso mesmo, porque eu não tenho estrutura de escutar "mas olha, eu te acho ótima, mas te vejo como tia" esperando um "VEMK".

No mais é torcer pros rumos da vida dessa pessoa a levarem pra bem longe de mim, porque eu não quero estar à beira dos 50 anos e escutar que rolava todo um sentimento no ano do senhor de 2016.


when you're not your soulmate's soulmate (allegedly)

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Quando você se apaixona por alguém incrivelmente mais novo que você, às vezes é triste pensar no quanto de tempo você esteve presente no planeta sem que aquela pessoa sequer existisse. Tudo que você viveu enquanto aquela pessoa ainda nem era. Em tudo que poderia ter dado errado nas linhas do tempo que levaram à existência dela. Na probabilidade extremamente baixa que seus caminhos tão diferentes se cruzassem. Na ideia de que talvez fosse melhor que nem tivessem (se cruzado).


*esse post tem nada a ver com a programação normal deste blog e não há necessidade para pânico



disclaimer: this person is going to ____ your life

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Ninguém vem com um selo.

Quando você vê alguém pela primeira vez no trabalho, na sala de aula, na academia, não é todo mundo que você registra. A pessoa fica ali orbitando na sua visão periférica e você nem sabe se daqui 5 anos vocês serão melhores amigos, se você jamais terão se conhecido profundamente, se vocês continuarão cumprimentando um ao outro educadamente sem nem saber como se chamam.

Cada vez que eu conheço uma pessoa nova e ela passa a ficar cada vez mais presente na minha vida, eu tento lembrar o momento exato em que ela chegou e como eu percebi aquela hora. 

Tem aqueles amigos de infância que você conhece há 30 anos (idosa) porque alguém estendeu a mão e ofereceu um brinquedo. Porque perguntaram se você queria entrar na quadra e jogar queimada, em vez de ficar só olhando pelo alambrado. Porque três crianças desesperadas procuravam uma quarta pra fechar duplas no jogo de tabuleiro. Vocês se apresentam e você nem imagina que dali 8 anos estarão sentadas no quarto de uma delas, chorando porque ninguém dança com você na festinha americana. Dali 20 anos estarão chateadas porque a outra casou com a pessoa errada. E dali 30 anos ainda estarão segurando a barra uma da outra, mesmo a 800km de distância. Ao mesmo tempo, uma daquelas 4 crianças do jogo de tabuleiro tomou outro rumo na vida e mesmo depois de vocês serem tão grudadas que todo mundo teve que raspar a cabeça, porque não paravam de pegar piolho juntas (true story), você nem sabe se ainda está viva tanto tempo depois.

Acontece.

Ninguém vem com um selo.



Você entra numa aula da faculdade totalmente na defensiva, porque sua vida social foi destruída depois de uma fofoca, mas você ainda sabe que aquele é o pior professor que já existiu. Então você pensa que o melhor a fazer é respirar fundo e torcer pra esse ano acabar (no primeiro dia de aula, pensa num wishful thinking). Aí você entra na sala e tenta compreender a enxurrada de informação que tá acontecendo, o pior professor que já existiu distribuindo grosseria sem nem saber quem são aquelas pessoas, você se dá conta de que será um looongo ano e segue sua vida, tentando se tornar invisível. Mas um dia ele - o pior professor do mundo -  senta na mesa ao seu lado e começa uma conversa que se parece muito com uma conversa pessoal. Seis meses depois ele te empresta um livro, mesmo tendo deixado bem claro que nunca emprestaria um livro na vida. Um ano e meio depois ele te pergunta se você quer sair dali e te leva pra tomar um refri e te apresenta pros amigos como sua pessoa favorita. Dois anos depois, você dá um item de vestuário de presente no aniversário dele e ele não apenas usa até gastar, como conta pra todo mundo que tá bonito porque você que escolheu. Dois anos e meio depois ele nem precisa perguntar o que você vai comer, porque já sabe. Ele inclusive faz seu prato de comida sem nem te consultar e acerta tudo que você colocaria dentro. Quatro anos depois ele aparece de bermuda e camiseta 8 horas da manhã na sua sala no trabalho, fica com ciúme do coleguinha que divide sala com você e tenta mostrar que ele que é o dono do seu coração. Cinco anos depois ele te conta que vai ter um filho (com alguém que não é você) e você sente o chão sumindo debaixo do seu pé. E você tenta lembrar como é que alguém que um dia chegou gritando que não gostava de pessoas e provavelmente não gostaria de você acabou se tornando essa pessoa, que derruba o mundo quando vai embora. E 10 anos depois você ainda se pega olhando na janela onde ficou olhando ele ir embora pela última vez, fazendo graça pelo estacionamento, porque foi ali a última vez que vocês foram felizes. E você se dá conta que não tinha como evitar nada disso.

Porque ninguém vem com um selo.


Um dia você tá tranquila entre seus amigos e chega uma pessoa nova, com quem você antipatiza logo de cara. E você evita ir a lugares onde ela está, porque você acha desgastante ter que gastar suas energias pra tratar bem uma pessoa que te trata com animosidade e etc. Coisas ruins acontecem, amizades se abalam, o mundo gira e um dia vocês dão um passinho, depois outro, depois outro e PÁ, a coisa vira amizade e seis anos depois, a pessoa com quem você mal podia trocar um oi sem revirar os olhos é uma das suas amigas mais próximas, uma das pessoas em quem mais você confia e que não te deixa na mão. Não tem como prever isso.

Porque ninguém vem com um selo.



Um dia você está lendo alguma coisa na hora do recreio e alguém senta perto de você. Você começa a rir e ele te pergunta o que você tá lendo, porque você parecia triste, mas aquilo te fez rir. E ele diz pra você não ficar lendo no sol, porque o reflexo na página do livro vai te deixar cega e você pensa "me conheceu faz 5 minutos e já tá dando palpite?". E ele passa a ficar sempre por perto quando você está lendo pelos cantos, até que você passa a ler menos e conversar mais. E você muda toda a dinâmica dessa meia hora diária, até o dia que nem lembrar de carregar um livro você lembra mais. Vinte anos depois, vocês estão no bar de madrugada, fazendo guerra de palitinho de dente picado, com fome, porque já fecharam a cozinha (dum mardito bar no meio da cidade de são paulo e nem são duas da manhã!). Dois dias depois vocês estão morrendo de fome novamente, porque aparentemente não sabem planejar refeições e perderam a hora numa exposição (onde chegaram 10 da manhã, mas esqueceram de almoçar até depois das 4 da tarde) e planejando visitar cemitérios pela arte. E você ainda guarda uma camiseta que ele te deu em 1994 (que um dia foi lilás e hoje é só branca e cheia de furo), mesmo ele não tendo a mais remota memória de ter te dado isso e ainda diga que revirou a casa procurando a bendita sem saber que fim levou. E a vida dele muda, sua vida muda, vocês moram a milhas e milhas de distância, mas você sabe que daqui mais 20 anos vocês ainda estarão rindo das mesmas bobagens e procurando a felicidade em bandeirinhas de são joão.

Ou você espera que estejam. Porque, né, ninguém vem com etiqueta.

"Esta pessoa vai ficar um mês na sua vida, vai desgraçar tudo, vai sumir e vocês nunca mais vão se ver."

"Vocês serão amigos por anos, um dia você vai ver o rosto numa foto e não vai lembrar o nome do indivíduo nem pra salvar sua vida."

A gente nunca sabe o que vai acontecer. A gente nunca sabe que impacto a pessoa vai ter na nossa vida naquele primeiro oi, na hora que alguém te diz aquele nome pela primeira vez.



Quando alguém te apresenta ele pelo sobrenome, que você tem certeza que já ouviu antes, você não sabe que um ano depois vai ter um mini ataque cardíaco cada vez que escuta esse nome de novo, quando alguém pergunta "você veio aqui só pra ver o ~infeliz~?". 

Quando ele se debruça no balcão na sua frente e olha pra sua cara por 30 segundos, com uma expressão indecifrável, e você sabe que é porque você provavelmente está fazendo a mesma coisa com a sua inseparável bitch face, você não imagina que um ano depois vocês não vão nem precisar usar palavras pra se comunicar.

Quando a pessoa insiste em puxar assunto com você, é tão incômodo que você ~posta no feice~ que não aguenta mais os subterfúgios pra arranjar conversa e que pelo jeito que a pessoa respira você já sabe que ela vai abrir a boca e começar a falar. E um ano depois, sua hora favorita do dia é quando vem um um "vaneça..." e o despejo de abobrinha sem fim, que faz seu dia ficar bem mais divertido.

A gente nunca sabe quando uma pessoa improvável entra na nossa vida a importância que ela vai ter. A gente nem imagina o tanto que vai se apegar e o desespero que vai ser quando parecer que ela tá escapando (não porque quer, mas por força das circunstâncias). A gente nunca sabe o papel ridículo que vai fazer pra não deixar ir embora tão cedo, pra não acabar o que nem começou. Quando a pessoa chega e você não sabe nada sobre ela, você nem imagina que um tempo depois ela vai ser uma das suas pessoas favoritas, que vocês vão chorar de rir, que vocês vão falar sobre o nada madrugada a dentro, que vocês vão ter uma intimidade incompatível com o lugar e com o tempo e com todo o resto, que isso vai causar estranhamento em tudo mundo - porque você é uma pedra de gelo que todo mundo tenta derreter há duzentos anos e ninguém consegue - e você não vai nem ligar.

Quando a pessoa chega, você nem imagina que um dia o maior medo que você vai ter é que ela vá embora.


Não vai ainda não. Fica, vai ter bolo.

:)
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